quarta-feira, 22 de maio de 2013

A 1ª reitora negra de uma Universidade Federal no Brasil


Nilma Gomes entra para a história do Brasil como a primeira mulher negra a comandar uma universidade federal. Ela acredita que sua escolha para o cargo representa um avanço na luta em favor de políticas raciais no país

Nilma Lino Gomes assume a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) como a primeira reitora negra do País. Entre tantos desafios, está ampliar as relações internacionais com os países de língua de expressão portuguesa. Leia a seguir entrevista publicada pelo jornal O Povo nesta segunda-feira (20).
Professora mineira Nilma Lino Gomes tomou um susto quando foi convidada para ser reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) no início deste ano. A proposta veio do colega Paulo Speller, reitor-fundador da primeira universidade internacionalizada do Brasil, fincada no Maciço de Baturité, em Redenção, a 40 quilômetros de Fortaleza. Passada a surpresa, veio a percepção do contexto. Seria a primeira mulher negra no comando de uma universidade brasileira.
“Senti-me honrada e, depois do choque, compreendi que o convite tinha a ver com minha trajetória”, afirmou a reitora Nilma Lino em meados de abril, 20 dias após desembarcar em Redenção. Com um sorriso largo e palavras sob medida, à moda de Minas, a doutora em Antropologia pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra aborda as questões em torno do racismo no Brasil, tema que elegeu tanto na academia como pesquisadora, quanto como cidadã. “Pedagogicamente, atuo assim; politicamente, atuo assim. Quando o convite chegou, entendi que tinha a ver com meu perfil. Sou uma mulher negra que atua nas questões raciais”, analisa a reitora sobre o porquê de ter decidido deixar Minas Gerais para morar numa cidade que só conhecia de ouvir falar, e ser reitora de uma universidade que havia de concluir a implantação.
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Primeira reitora negra de universidade federal diz que racismo é debate que compete a sociedade (Foto: ABr)
Ao longo de quase duas horas, Nilma Lino conversa sobre o trabalho intenso de conhecer o lugar, a universidade e as pessoas, fala sobre as políticas afirmativas em curso no Brasil e diz que o resultado dessa política pelo menos jogou por terra o discurso mítico em torno da democracia racial no País. A seguir, os principais pontos da entrevista.
A senhora já conhecia Redenção antes de vir como reitora para a Unilab?
Não. Eu sabia da universidade e sabia de Redenção pelo meu colega que foi o primeiro reitor Paulo Speller. Fomos colegas no Conselho Nacional de Educação. Quando cheguei ao Conselho, Paulo estava terminando a gestão dele na Câmara de Educação Superior e sempre falava da universidade e de Redenção. Mas não tinha vindo aqui.
Para a senhora, qual o maior desafio para o processo de consolidação da Unilab?
Não sei se teria o maior. Acho que o primeiro desafio é dar continuidade ao trabalho de instalação, de início da universidade, tão nova. Acho que meu grande desafio é dar continuidade e consolidar esse trabalho já iniciado pela gestão do professor Paulo Speller. Outro desafio é nesse processo é ir ampliando e aprofundando cada vez mais esse caráter internacional dessa universidade com os países de língua de expressão portuguesa, em especial os africanos, e com possibilidade de expansão. Nas mais diversas áreas da universidade: pesquisa, ensino, extensão e na própria relação dos professores com a pesquisa.

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