quinta-feira, 28 de julho de 2011

25 de Julho - Dia Internacional da Mulher Negra


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Ano 1 - Edição Nº 01 Brasil, julho/2011
25 de julho - Dia Internacional da Mulher Negra
Ser mulher negra significa muitas coisas diferentes, uma vez que somos diferentes umas das outras: somos pessoas, indivíduos, portanto, únicas. Ainda assim, classificadas como um grupo, as mulheres negras, têm em comum fortes marcas decorrentes da existência do racismo, que cria um conceito e uma hierarquia de raça. E onde o que representamos como negras, é considerado inferior, discriminado e desqualificado. E há também a marca da desqualificação do sexo feminino estabelecida pelo sexismo, que traz também a noção de heterossexualidade compulsória condenando comportamentos sexuais diferentes. O que pode provocar outras formas de violência e discriminação que, quando voltadas paras mulheres homossexuais, são denominadas lesbofobia.
Neste mês de julho estamos reiniciando a divulgação da Newsletter da AMNB. A partir de hoje, periodicamente estaremos enviando a tod@s vocês artigos, notícias, eventos, posiconamentos, etc, com o objetivo de dar visibilidade a nossas ações e posicionamentos frente a conjuntura política atual. Nesta edição você encontrará as atividades que as organizações da AMNB estão realizando referente ao Dia Internacional da Mulher Negra Afro-Latinoamericana e Caribenha. Assim destacamos o 25 de julho nesta primeira edição. Esta data foi definida por ocasião do I Encontro de Mulheres Negras Latino-americanas e Caribenhas, na Republica Dominicana em 1992 para chamar a atenção das condições de opressão de gênero e raça a que as mulheres negras são submetidas em conseqüência do racismo que é o principal fator de produção das desigualdades, e o enfrentamento deste é fundamental e prioritário na agenda da AMNB.
Bamidelê – PB
10 anos de Fundação! Como parte das comemorações dos 10 anos de Fundação a organização preparou uma agenda repleta de atividades na semana do Dia 25 de julho com inicio no dia 27 de julho às 13:00 no Solar dos Conselheiros, Centro , João Pessoa - PB
Mais informações no site: www.bamidele.org.br
Rede de Mulheres Negras do PR
Na programação do Dia da Mulher Negra da América Latino e do Caribe – a rede fará uma Roda de Conversa sobre a importância das mulheres negras na implementação das políticas públicas para as mulheres. O evento ocorrerá no dia 23 de julho das 13:30 as 16:30 Sede do Grupo Dignidade - Av. Marechal Floriano, 366 - cj43 - Curitiba/PR
CONAQ
O IV Encontro Nacional das Comunidades Quilombolas: CONAQ 15 anos de luta e nenhum direito a menos acontece na cidade do Rio de Janeiro/RJ entre os dias 03 e 06 de agosto a partir das 18h.
Mais informações: www.conaq.org.br
II Seminário da Mulher Afro-Latinoamericana e Caribenha
Com inicio nesta sexta 22/07 até 25/07 o seminário promovido pela CONE contará com a participação de Jurema Werneck (CRIOLA) e Nilza Iraci (Geledés) em sua programação, que abordarão temas da agenda politica das mulheres negras. O evento correrá no auditório da Secretaria Estadual de Justiça – Páteo do Colégio - São Paulo/SP Mais informações:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/participacao_parceria/coordenadorias/cone/noticias/?p=30387
A AMNB convoca a todas e todos comprometidos com um país verdadeiramente justo, para que seja incluída, a adesão ao abaixo assinado que inclua, na Comissão Nacional da Verdade, a verdade histórica sobre a violação dos direitos humanos da população negra. Apresentado pelo Poder Executivo, o PL 7376/10, prevê a criação, no âmbito da Presidência da República, da Comissão da Verdade com o propósito de “examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período” de 1946 a 1988, “a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional”. 
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N12586
Rede das Mulheres de Terreiro de Pernambuco www.mulheresdeterreirope.com.br
Mapa da Intolerância Religiosa www.mapadaintolerancia.com.br
Gênero, Raça e Etnia para Jornalistas http://generoracaetniaparajornalistas.wordpress.com/
 
Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras nasceu no contexto da III Conferência Mundial contra o Racismo, Xenofobia e Intolerâncias Correlatas ocorridas em Durban, na África do Sul, no ano de 2001. Promover a ação política articulada de ONGs de mulheres negras brasileiras, na luta contra o racismo, o sexismo, a opressão de classe, a lesbofobia e outras formas de discriminação, contribuindo para a transformação das relações de poder e construção de uma sociedade equânime tem sido a missão da AMNB que pós conferência se transformou em um dos principais grupo de ação política da América Latina.

Escravidão de negros na Mauritania em pleno século 21


O Brasil foi o último país da América ou do mundo Ocidental a abolir a escravidão, mas por incrível que possa parecer para alguns hoje em dia ainda existem escravidão  em algumas partes do mundo como, por exemplo, na Mauritânia.


Leia a seguir um artigo de Elinor Burkett publicado no jornal "O estado de São Paulo" sobre uma ex- escrava:


A foto em questão não corresponde a escrava do texto

Escrava Fatma nem imagina o que é liberdade

Perguntem a fatma Mint Mamadou quantos anos tem. A mulher mauritana baixara timidamente os olhos ela não sabe quando nasceu. Perguntem-lhe quantos camelos e ovelhas apascentava, ou quanta bolsa de água carregava por dia. Seu rosto ficara parado e insensível como uma pedra. Ela não sabe contar.Perguntem se ela e outras meninas que com ela cresceram num povoado da afastada região de Bratna foram alguma vez estupradas. Ela ficará toda embaraçada e suas feições se tornaram duras. Finalmente, Fatma responde como se fosse a coisa mais normal do mundo: "Naturalmente, eles costumavam vir de noite quando precisavam fazer a gente reproduzir. É isso que vocês chamam de estupro?Fatma está acocorada á porta de seu minúsculo barraco e responde obedientemente as poucas perguntas que para ela têm algum sentido. Mas não percebe o contexto. Nunca leu um jornal diz que ouviu falar nos Estados Unidos, mas não sabe o que é nem onde ficaDurante as horas da entrevista ela parece refugiar-se numa coisa que conhece: a água trazida por um visitante, que ela esquenta num fogareiro de querosene emprestado por um vizinho e derrama sobre folhas de hortelã, adicionando depois cuidadosamente uma medida de açúcar de um saquinho plástico que também lhe deram. Servir chá é uma coisa que ela sabe fazer.Outras são carregar água, bater o sorgo, cuidar de camelos.Nessa parte da África servir chá é coisa de escravo ─ e Fatma foi outrora uma escrava. A jovem silenciosa não usa muito a palavra escrava. Quando o faz, é com indiferença no mesmo tom que usa para explicar que tem dois irmãos ou que nunca conheceu o pai. Ela sabe que era "adb" ─ uma escrava─, como sabe que sua mãe foi herdade por Sidi M'Hamed Ould Hamadi, quando o antigo senhor dela morreu.Mas essa condição não é mais notável para ela do que o rico bronzeado de sua pele ou as suaves curvas de seus seios.Na região de Bratna, uma província escassamente povoada da Mauritânia Central, ser negro quase sempre significa ser abd, mas esse fato quase não parece chamar a atenção dos estrangeiros brancos. A mãe de Fatma era abd, como sua avó. Ninguém na família se lembra de ter algum dia vivido sem servir aos árabes que dominam o país.

"Deus criou-me para ser escrava exatamente como criou um camelo para ser camelo"Fatma, criada para obedecer ─ carregar água, cuidar de animais, cozinhar, varrer e reproduzir ─, não manifesta nenhuma vontade de resistir ir contra a história ou contra a dura paisagem.Na República Islâmica da Mauritânia a escravidão, decididamente, não é moderna. O governo garante ter abolido a escravidão humana. Se isso aconteceu, a Mauritânia foi a última nação do planeta a tomar tal decisão.Entretanto, nas intermináveis extensões desérticas açoitadas pelos ventos, entre o Senegal e Marrocos, cerca de 90 mil escravos trabalham duramente, como inúmeras gerações vêm fazendo há mais de quinhentos anos, a serviço de seus senhores, pastoreando seus rebanhos, sangrando suas acácias para fará fazer a goma arábica, colhendo tâmaras e reproduzindo a nova geração de propriedades humanas.Enquanto despontam em outras regiões casos ocasionais d escravidão ─ venda de crianças no Benim, escravidão forçada de não mulçumanos no Sudão ─, somente na Mauritânia a escravidão generalizada, institucionalizada persistiu até fins do século xx.Aqui os escravos, descendentes de gerações de "propriedades" humanas, não recebem salário nem nenhum tipo de educação. Não podem se casar sem autorização ou planejar o futuro dos filhos.(Extraído e adaptado de artigo de Elinor Burkett, publicado no jornal O estado de São Paulo, 22 nov. 1997.) OBS: Este artigo é do ano de 1997, mas ainda hoje existe escravidão de Negros na Mauritânia.