sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Ayabas - Instituto da Mulher Negra do Piauí lança o Projeto SANKOFA: imagens e resistência da mulher negra



AYABÁS LANÇA PROJETO SANKOFA

Acontece na próxima segunda-feira, dia 30 de abril, no Memorial Zumbi dos Palmares, as 18:00 horas, o lançamento do Projeto SANKOFA , que tem com objetivo resgatar a memória da vida e história das “griôs” do movimento negro piauiense,através de escritos, fotografias e vídeos, proporcionando-as uma qualificação profissional nas técnicas de áudio e vídeo.
O Instituto da Mulher Negra do Piauí – AYABÁS é uma organização política de mulheres negras, que tem como principal objetivo a luta contra o racismo e o sexismo; a eliminação das desigualdades; a valorização, promoção e empoderamento das mulheres negras, e da comunidade negra em geral, e aposta no projeto como uma oportunidade de formação e qualificação das mulheres negras e levanta também como prioridade, o reconhecimento da história e memória das muitas mulheres piauienses, reconhecidas ou anônimas que contribuíram para o fortalecimento da identidade negra feminina e feminista, através de uma publicação.
Reunindo mulheres negras de várias áreas de atuação, o projeto tem como meta, ao final, contribuir para organização de uma entidade de jovens negras no estado.
O lançamento contará com a participação de representantes de várias organizações do movimento negro e demais movimentos sociais, autoridades e apoiadores do projeto.
A programação consta de apresentação cultural, lançamento oficial do projeto, com apresentação dos objetivos e metas, e coquetel.
Para a Presidente do AYABÁS, Haldaci Regina, “este é um momento muito importante, onde o Instituto acredita que o empoderamento das mulheres negras passa pela formação, pela qualificação, pelo aumento da sua autoestima e, sobretudo por oportunidades de reconhecimento e valorização do seu potencial enquanto protagonistas de sua história”. Halda  afirma ainda, que o AYABÁS  se coloca no cenário piauiense com o papel de contribuir com a organização das mulheres negras e contribuir para ampliação das políticas e direitos dessas mulheres.
O Memorial Zumbi dos Palmares fica situado na Av. Miguel Rosa, s/n próximo a Pax União.


STF aprova por unanimidade a política de cotas raciais



Denise Porfírio/FCP

Por Daiane Souza
O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou nesta quinta-feira (26) a constitucionalidade do sistema de cotas raciais adotado pelas universidades públicas brasileiras. O julgamento teve como resultado a conclusão unânime dos 10 ministros da mais alta corte do país quanto à improcedência da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, proposta pelo Partido Democratas (DEM).
O partido considera que o sistema viola a Constituição Federal por determinar critérios de seleção com base na raça para o ingresso, especificamente de negros, na educação superior. Primeiro a votar na segunda sessão do julgamento iniciado na quarta-feira (25), o ministro Luiz Fux acompanhou o voto do relator Ricardo Lewandowski, favorável a constitucionalidade da ação afirmativa.
Equidade – De acordo com Fux, a opressão racial dos séculos da sociedade escravocrata deixou cicatrizes com graus alarmantes no país, especialmente no que diz respeito à educação. Segundo ele, o sistema de cotas não configura um ato discriminatório. “É uma classificação benigna que visa fins sociais louváveis”, disse. “Uma coisa é vetar a discriminação, outra é possibilitar a integração dos que a sofrem ao seu lugar de direito na sociedade”, completou.
Em sua avaliação, a ministra Rosa Weber afirmou que a disparidade no país é flagrante. “A pobreza tem cor no Brasil”, disse. Ela alertou que dos 10% mais pobres da população, 75% são pretos e pardos. “Por estes e outros dados, faz parte do papel do Estado pelo menos equilibrar as desigualdades completas e solucionar as desigualdades sociais”, ressaltou.
Universidade modelo – A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186 foi protocolada contra o sistema de cotas da Universidade de Brasília (UnB), primeira instituição federal a instituir o programa em 2004. Com a sua metodologia aprovada, o modelo da Universidade será referência para normatizar a aplicação das ações afirmativas em todo o país.
“Com a decisão do Supremo o projeto emancipatório da UnB a faz entrar mais uma vez para a história com uma postura inovadora que é própria da instituição”, reconheceu o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa Júnior. “O sistema de cotas deve ser considerado completo, pois é plural, democrático e aumenta as chances de participação do negro nos melhores espaços da sociedade”, ressaltou a ministra Rosa Weber.
Já para Carmem Lúcia e os demais ministros que acompanharam o voto de Lewandowski, as ações afirmativas não são as melhores opções para se reparar consequências de mais de um século a partir da abolição da escravidão. “Porém fazem parte de um processo diante de um quadro onde a liberdade e a igualdade de oportunidades não aconteceu naturalmente”, enfatizou a ministra.
De acordo com a corte o sistema de cotas se faz necessário, mas somente até que seja alcançado o resultado esperado que é a igualdade de oportunidades e de participação nos produtos do progresso visando um país racialmente democrático.
Para Eloi Ferreira de Araujo, presidente da Fundação Cultural Palmares, os contornos históricos da votação levam ao instante que precedeu a assinatura da Lei Áurea. “Ela veio desacompanhada das possibilidades reais para emancipação da população negra brasileira. Sinto que tivemos o fim da escravidão somente agora com o direito à educação”, disse. “Agora falta viabilisar aos quilombolas, o direito à terra”, afirmou referindo-se ao Decreto 4887/2003 a ser julgado pelo Supremo.

Spike Lee entrevista a Ministra da Igualdade Racial Luiza Bairros para documentário “Go Bazil Go!”


O cineasta está no Brasil desde terça-feira (24), capturando imagens para projeto audiovisual sobre o país
Spike Lee entrevista a Ministra da Igualdade Racial Luiza Bairros para documentário “Go Bazil Go!”
A conversa com a ministra foi pautada em desigualdades raciais do país e avanços alcançados na área

Ícone do cinema afro-americano, o cineasta estadunidense Spike Lee entrevistou hoje (26) a Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros. Diretor, produtor e roteirista, Spike está no Brasil desde a última terça-feira, capturando imagens e participações de várias personalidades para o seu documentário “Go Brazil Go!”. A conversa com a ministra foi pautada em questões relativas às desigualdades raciais do país e nos avanços alcançados na área.

Além da ministra Luiza Bairros, estão na lista de entrevistados a presidenta Dilma Rousseff; os deputados federais Luiz Alberto e Romário; os cantores Gilberto Gil, Jorge Ben Jor e Chico Buarque; e o ex-jogador de futebol Pelé. O documentário, que fala sobre a emergência do país no cenário internacional, deve ser lançado antes da Copa do Mundo Fifa 2014.

Spike Lee se destaca na indústria cinematográfica pela abordagem da temática racial. A ele se atribui a abertura de portas em Hollywood para uma conscientização sobre os problemas sociais dos Estados Unidos.

O cineasta já esteve no Brasil para filmar o clipe “They Don’t Care About Us”, de Michael Jackson, no Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, e no Pelourinho, em Salvador, com o Olodum. Em 1989, conseguiu reproduzir com maior fidelidade a sua visão do cotidiano das minorias com o filme “Do the Right Thing” (Faça a Coisa Certa), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar por melhor roteiro original

Alexandre Pires é convocado a prestar esclarecimentos ao MP sobre vídeo acusado de conteúdo racista e sexista


Decisão do MP atendeu a solicitação de providências da Ouvidoria da Seppir, que acatou denúncias de diversas entidades sobre o vídeo que compara pessoas negras a macacos

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento administrativo na Procuradoria da República, em Uberlândia, Minas Gerais, para que o cantor Alexandre Pires preste esclarecimentos sobre o vídeo Kong, denunciado por exibir conteúdo racista e sexista. A convocação do artista foi motivada por solicitação de providências encaminhada pela Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) ao MPF.



Além do Ministério Público, o órgão oficiou a gravadora Sony Music, o Departamento de Polícia Federal e a Ouvidoria da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). Esta última, em função da exposição de mulheres na peça publicitária, reforçando o estereótipo de símbolo sexual.

De acordo com o Ouvidor da Seppir, Carlos Alberto Júnior, o MP foi acionado em função de denúncias oriundas de várias entidades entre as quais o Observatório do Racismo Virtual, que acusa a postagem do vídeo no site youtube, com “conteúdo racista e sexista, comprometendo as lutas do movimento negro na superação do racismo, e das mulheres na superação do sexismo. Combinando artistas e atletas, o vídeo utiliza clichês e estereótipos contra a população negra”.

Em sua argumentação, o ouvidor da Seppir observa: “ao expor pessoas negras vestidas de “macaco”, o referido cantor contribui para a permanência histórica do racismo e práticas eugenistas, de inferiorização da população negra, tendo em vista que a maioria das denúncias feitas à Ouvidoria Nacional da Igualdade Racial são ofensas às pessoas negras comparadas a “macacos”.

Devassa
Processo semelhante, envolvendo a cervejaria Devassa do Grupo Schincariol, foi arquivado recentemente, após o cumprimento de determinações do MP pela empresa. Além da realização de seminários para discutir formas de solucionar o conflito configurado nas propagandas de cerveja e os direitos das mulheres, a Schincariol foi condenada a pagar multa e divulgar contrapropaganda por prática de campanhas publicitárias discriminatórias.

A peça que originou a reclamação contra a Devassa utilizava uma frase associando a imagem de uma mulher negra à cerveja, reforçando o processo de racismo e discriminação a que as mulheres negras estão submetidas historicamente no Brasil. O processo foi encaminhado pela SEPPIR, que cumpriu os acordos internacionais de violações aos direitos das mulheres, a partir das denúncias referentes à propaganda que divulgava a frase: "É pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra. Devassa negra encorpada. Estilo dark ale de alta fermentação. Cremosa com aroma de malte torrado".

De acordo com o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), as infrações cometidas no anúncio da Devassa encontravam-se previstas em inúmeros artigos do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.