terça-feira, 28 de maio de 2013

O PRIMEIRO CONCURSO DE BELEZA NEGRA DA HISTÓRIA

Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrado e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail:walterpassos@gmail.com

É fundamental nos estudos afrocêntricos compreender o continente africano e asiático como uma continuidade geográfica (de fato, até a construção do moderno Canal de Suez, em 1869) é indispensável para reafirmação da verdadeira história e dinâmicas sociais. Afirmar também que toda essa extensão geográfica constituía a dinâmica de populações preta: suas civilizações, relações comerciais, religiões, conflitos, e principalmente o reflexo do modo africano de viver em sociedade.
Esse artigo versará regiões e pessoas de origem africana, incontestavelmente pessoas pretas, que formaram incríveis civilizações por acinte omitidas pela história eurocêntrica, embranquecida.
O fato histórico a ser descrito ocorreu entre 485 a 465 a.C (antes do nascimento de Yeshua, o Messias) e têm encontrado no Livro de Esther alguns de seus principais personagens:
1-E sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias,
2- Que, assentando-se o rei Assuero no trono do seu reino, que estava na fortaleza de Susã.
Xerxes I (خشایارشا) foi um rei persa (reinou de 485 a 465 a.C), da dinastia aquemênida. "Xerxes" é tentativa na língua grega de soletrar o nome persa Khshayarsha. Na Bíblia Xerxes I é conhecido como Assuero.
Xerxes I (Assuero) e Rodrigo Santoro No filme “300”, mais uma vez o cinema nega a negritude das personagens.

5- Havia então um homem judeu na fortaleza de Susã, cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, homem benjamita,
6- Que fora transportado de Jerusalém, com os cativos que foram levados com Jeconias, rei de Judá, o qual transportara Nabucodonosor, rei de babilônia.
7- Este criara a Hadassa (que é Ester, filha de seu tio), porque não tinha pai nem mãe; e era jovem bela de presença e formosa; e, morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu a tomara por sua filha.

Então, temos duas personagens principais: Assuero e Hadassa, duas personagens negras atuando em uma cidade negra chamada Susã.
Antes de entrarmos no concurso de beleza negra iremos falar sobre as principais civilizações inseridas neste contexto histórico:

Os Elamitas

Gênesis 10:21-22 - A Sem, que foi o pai de todos os filhos de Eber e irmão mais velho de Jafé, a ele também nasceram filhos. Os filhos de Sem foram: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arão.Elão foi uma das mais antigas civilizações da Terra e teve como berço as antigas civilizações de Khemt (Egito) e de Cush, da mesma forma que os sumérios tiveram.
A civilização de Elão estava situada ao norte do Golfo Pérsico e do Rio Tigre, a leste da antiga Babilônia, onde hoje é o sudoeste do Irã e Iraque. Foram conhecidos como um povo belicoso que ameaçava a toda poderosa Babilônia. A civilização contou com um grande desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento, tanto literário e quanto arquitetônico e escultural, produzindo ao mesmo tempo diversos utensílios de metais preciosos e muitos templos religiosos.
Os Elamitas se originaram no Vale do Nilo e fizeram parte das migrações africanas das pessoas dessa área, cerca de 8000 a.C a 5000 a.C. O estabelecimento do reino de Elão localizou-se onde os habitantes eram em sua maioria puramente pretos (nos termos antropológicos Negroide-Astraloid), da mesma escala das pessoas pretas que habitam o Sri-Lanka e o sul da Índia. Alguns dizem serem os Elamitas cushitas puro-sangue.


Herodotus e outros escritores gregos da casa de Memnon os descreviam como pessoas advindas da Etiópia (África), a terra dos pretos.
São descritos também como pessoas baixas e robustas de epiderme marrom, cabelos e olhos crespos e pretos, que habitaram uma considerável parte do continente asiático em tempos antigos, como se pode observar nas imagens por eles desenhadas.A capital do Reinado foi a cidade de Susã. Por este motivo também são conhecidos como Susianos. Algumas outras cidades também merecem destaque como Awan, Simash, Madaktu e Dur-Untash.
Cidade de Susã, capital do Império Elamita
Além da guerra, o comércio foi o centro das relações dos Elamitas, que comercializavam com todo o continente africano. Suas embarcações atravessavam o Tigre e o Eufrates e também o sudoeste africano, indo pelo Mar Vermelho.
Depois na história entrem 750 d.C a 450 d.C os Assírios invadiram militarmente os Elamitas e o dominaram saqueando quase completamente a região da Babilônia.
Observem o detalhe do cabelo crespo, a barba e o nariz tipicamente com traços Cushitas, africanos.

OS HEBREUSNão há duvidas sobre a negritude dos verdadeiros hebreus, apesar de hoje habitarem a terra prometida, pessoas caucasianas que não são os verdadeiros descendentes de Abrão, Isaque e Jacó. São os Askenazis convertidos a tradição dos hebreus, e em breve faremos um artigo especial sobre esse fato.
A arqueologia, o Primeiro Testamento e os hebreus pretos espalhados no continente africano e americano nos dão as provas consistentes da aparência de Hadassa, a mulher preta que venceu o primeiro concurso de Beleza negra realizado na cidade Susã.
Os relatos sobre a vida de Moisés no Primeiro Testamento atestam a sua negritude.
Obeliscos encontrados em escavações, que atualmente estão no Museu britânico:


Hebreus no cativeiro - Olhem os detalhes são pessoas pretas
O CONCURSO DE BELEZA NEGRA2-Então disseram os servos do rei, que lhe serviam: Busquem-se para o rei moças virgens e formosas.
3- E ponha o rei oficiais em todas as províncias do seu reino, que ajuntem a todas as moças virgens e formosas, na fortaleza de Susã, na casa das mulheres, aos cuidados de Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres, e dêem-se-lhes os seus enfeites.
4- E a moça que parecer bem aos olhos do rei, reine em lugar de Vasti. E isto pareceu bem aos olhos do rei, e ele assim fez.
O Império Persa possuía regiões que iam da Etiópia até a Índia, e de lá vieram dezenas de mulheres pretas, sendo escolhidas as mais belas e formosas, objetivando de se escolher a esposa do rei Assuero (Xerxes I). A beleza da mulher negra sempre foi ressaltada e louvada nos escritos da antiguidade, inclusive o preto Salomão, foi um admirador e apaixonado pelas mulheres originais - as mais belas do planeta. O seu amor pela Rainha Makeda ou Balkis do reino de Sabá, tornou-se a mais conhecida das histórias de amor da literatura mundial.
16- Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado.
17- E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti.
18- Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes e aos seus servos; era o banquete de Ester; e deu alívio às províncias, e fez presentes segundo a generosidade do rei.

Entre dezenas de lindas jovens de diversas nações pretas, Hadassa (Ester) foi considerada a mais bela entre as belas e teve posteriormente um papel fundamental na preservação do seu povo, evitando que o mesmo fosse exterminado. Em outro artigo escreveremos da Negra Hadassa, amor ao seu povo e Purim.
 

INTOLERÂNCIA A DEUSES E DEUSAS PRETAS

Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrista e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail:walterpassos21@yahoo.com.br

Há todo o momento o povo preto é agredido de diversas formas e maneiras por manter o referencial africano nas religiões - Umbanda, Candomblé, Catolicismo, Cristianismo de Matriz Africana - em conseqüência diversas retaliações são empregadas, como a iconoclastia (destruição de imagens), invasão de locais de culto em uma cruzada religiosa contra o povo preto, além de mudanças exegéticas e hermenêuticas para o branqueamento de civilizações e personagens nos livros religiosos. Não possuo sentimentos de raiva e nem de ódio, porque entendo haver um planejamento para o desconhecimento da história das civilizações primitivas, civilizações africanas, sendo assim, nem raiva e o ódio são sentimentos que devem ser cultivados, mas, cultivado deve ser a preocupação da continuidade de difusão de mentiras.
Caminho para tal entendimento é o afrocentrismo e a prática dopanafricanismo, ambos, podem reverter esse processo no nosso povo. Sendo nós a maioria da população, ainda assim, usados como ponta-de-lança e testa-de-ferro nos ataques de um engendramento racista bem aprimorado, percebemos que o ocorrido é um aprisionamento da consciência, tornado-se necessários métodos educacionais e empenho panafricanista de solidariedade entre o povo preto, para mudar essa realidade e libertar os prisioneiros mentais do racismo e das mentiras caucasianas.
Devemos ressaltar que as mudanças foram progressivas e são sistemáticas na destruição da verdade histórica. Imagine que desde a escravidão o povo preto foi obrigado a assimilar imagens européias, mutilação das deidades pretas. Todos os deuses e todas as deusas das civilizações antigas foram pretos, inclusive nas primeiras civilizações caucasianas, as quais imagens e mitologia retratam os primeiros habitantes do planeta: a civilização preta. As deidades do mundo antigo, inclusive das bem recentes civilizações caucasianas Grécia e Roma, foram pretas: Júpiter, Baco, Hercules, Apolo, Vênus, Hécate, Diana, Juno, Métis e outras. Sabemos inclusive que Dionísio foi Osíris reinventado.

E-mails são enviados por pessoas pretas protestantes que ficam histéricas com os posicionamentos do CNNC, ao afirmar a pretitude de Yeshua, não aceitam porque aprenderam a adorar Deus com uma concepção européia. Nós do CNNC não inventamos um Deus Preto.
Os relatos do Primeiro Testamento retratam sacerdotes que adoravam Deus na sua essência de pretitude.
Nee 9:7 - Tu és o Senhor, o Deus, que elegeste a Abrão, e o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abraão.Há alguma dúvida entre as leitoras e leitores que os Caldeus foram homens pretos?
Gen 14:18 -E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.Melquisedeque foi um homem preto, provavelmente da Etiópia e um dos primeiros sacerdotes do Eterno.
Gen 41:45 - E Faraó chamou a José de Zafenate-Panéia, e deu-lhe por mulher a Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om; e saiu José por toda a terra do Egito. O sacerdote de Om. Om significa "luz" ou o "sol". A cidade de Om era o centro da adoração ao sol no Egito. Os egípcios adoravam deuses e deusas pretas, deuses que demonstravam sua imagem de pessoas pretas, José casou-se, dessa forma, com uma mulher preta, sendo ele também um homem preto.
Exo 3:1 - E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe.Tanto assim que Jetro, um homem preto era um sacerdote de Javé, bem antes dos hebreus voltarem a conhecê-lo.
Todos os relatos do Primeiro Testamento são de civilizações pretas afro-asiáticas adorando deuses e deusas pretas.
Pretas foram as primeiras civilizações do planeta e retrataram-se em imagens pretas, pois não havia branco no planeta. Quais foram os profetas e fundadores das religiões antigas de origem caucasiana? Não há algum, significando que todas as grandes religiões do planeta com os seus erros e acertos foram criadas pelas civilizações pretas. Como que os europeus que surgiram há pouco tempo tentam modificar a verdade histórica, inventaram a bruxaria nas regiões geladas podem maquiar as divindades africanas ancestrais com a sua imagem e semelhança, através do poder das armas e da ideologia.
As provas surgem a todo o momento do aparecimento da civilização caucasiana que para muitos cientistas foi uma mutação dos primeiros habitantes do planeta terra, os seres originais: O povo preto.

NOSSA SENHORA APARECIDA
 
A imagem de Aparecida foi atacada duas vezes: a primeira em 16 de maio de 1978, por um jovem protestante que atirou uma pedra destrindo-a dentro da basílica, e outra, quando milhões de telespectadores viram quando um bispo branco da Igreja Universal, chutou em um programa de televisão, uma réplica da imagem.
Confira o Bispo Chutando a Imagem:
Há dezenas de relatos na internet sobre pessoas que questionam a imagem preta de Aparecida e relatos de católicos que, após discriminarem a imagem por sua cor, dizem agraciados e se arrependem. Evidente que esses fatos levam a três questões: a iconoclastia e o racismo da sociedade cristã branca brasileira e o desconhecimento das primeiras sociedades do planeta que criaram imagens de deuses e deusas pretos, porque foram os primeiros a habitar o planeta e conhecerem Deus antes do surgimento da civilização branca, uma mutação dos homens e mulheres originais. O conhecimento dessa mutação faz com que as imagens pretas sejam atacadas e destruídas. Conforme relatos de jornais: “A imagem de nossa Senhora Aparecida está protegida por dois seguranças e assim mesmo um protestante atirou uma lata na imagem”.
Por que tanto ódio à imagem de Nossa Senhora Aparecida?
Segundo está escrito no Livro Teologia Negra: A Revelação:
"Os fundamentalistas que a todo o momento, tentam descobrir o ANTICRISTO e a Besta Apocalíptica a identificam como preta a deusa citada no livro de Jeremias 7:18 – Os filhos recolhem lenhas, os pais acendem o fogo e as mulheres preparam a massa para fazer broas em honra a Rainha dos céus. E em Jeremias 44:17 – Antes certamente cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, queimando incenso a Rainha dos céus.Essa adoração a Rainha dos Céus era praticada em todas as sociedades do mundo antigo e as representações dessas deusas foram de mulheres pretas: Athor, no Egito, Virgem Depaira na China e no Tibete, Hestia na Grécia, Juno em Roma, entre outras. Fato esse normal porque as civilizações pretas foram às primeiras que surgiram e se desenvolveram no planeta."
“Por milhares de anos as mulheres pretas foram adoradas na África em todo o mundo.”
Isis -Deusa Preta do Egito
Enquanto Aparecida é uma imagem preta, há inúmeros questionamentos sobre a etnicidade de Maria, dentro do próprio catolicismo e protestantismo brasileiro. Não é simplesmente o fato de a iconoclastia ser praticada pelos protestantes, pois eles não são iconoclastas em suas revistas e outras produções literárias que só representam a Maria Branca e Yeshua Branco.

Capa da revista dos adventistas usada no 2º trimestre de 2008
A Igreja Católica Romana com a sua diversidade cultural é "mais aberta" e bem mais próxima das vertentes históricas, juntamente com as Igrejas Ortodoxas, possuem documentações do cristianismo primitivo, sendo detentoras de documentação icnográfica do cristianismo inicial, onde se constata que as imagens de Maria são todas pretas.
A Madona Preta do Nekromanteion- Grécia
Virgem Preta - Notre Dame - Dijon
As igrejas protestantes surgiram após os movimentos reformadores do séc. XVI na Europa, com uma visão capitalista e discriminatória. O Pentecostalismo clássico e o neopentecostalismo se originaram de pessoas oriundas do protestantismo histórico.
Aparecida é uma representação histórica real da cor epitelial de Maria e se torna vítima de ações depreciativas e racistas na sociedade brasileira. Esses ataques são feitos atualmente em grande parte na nova vertente protestante, conhecida como neopentecostalismo, e por outros grupos dos protestantes históricos e do pentecostalismo clássico, que na sua maioria são de descendentes de africanos, e por mais paradoxal que seja são os primeiros a negar a etnicidade de Maria.
mulher preta no Brasil sempre foi um ícone de serviços e bênçãos: como mãe preta na casa grande e ama-de-leite amamentando forçadamente os filhos de senhores, como Anastácia, mulher guerreira e quilombola, lutando pela liberdade.
E a presença de Maria na vida brasileira é apenas um exemplo de representação das madonas pretas. Na Espanha são mais de cinqüenta, na França trinta e duas, Na Itália trinta, e dezenove foram encontradas na Alemanha.
No meio protestante brasileiro seja ele histórico, pentecostal clássico ou neopentecostal, o nome de Maria não é lembrado. Fruto do anticatolicismo inicial dos primeiros missionários sulistas norte-americanos. Hoje, na intolerância religiosa os antigos perseguidos se tornaram perseguidores e criadores da inquisição protestante no Brasil, que é fundamentada na discriminação religiosa e racial, e Maria se tornou à representatividade do mal, vista como satânica, bestial, anticristã e símbolo do início da chamada grande tribulação.
Juntamente com essas concepções protestantes, uma parcela da sociedade brasileira, imbuída ainda de práticas discriminatórias e, outra parte africana presente em todas as correntes do protestantismo, sem bases históricas das populações afro-asiáticas da época na qual viveu Maria, não aceitam que a Padroeira do Brasil seja uma mulher preta.
A imagem de Aparecida é uma das comprovações do afrocentrismo que todas as imagens das divindades foram de ho
mens e mulheres pretas.