terça-feira, 27 de março de 2012

Uma em cada quatro mulheres com câncer de mama precisa de duas cirurgias

cancer de mama
Aproximadamente uma entre quatro pacientes com câncer de mama que fazem mastectomia parcial tem que passar por segunda cirurgia para remover o tecido suspeito. A conclusão vem de um estudo realizado pelo Lacks Cancer Center (EUA), que avaliou mais de 2.000 mulheres mastectomizadas.

Três em cada quatro mulheres com câncer de mama nos Estados Unidos optam por realizar cirurgia conservadora. A segunda cirurgia é realizada quando há suspeita de que a cirurgia inicial não removeu todo o tumor. Os pesquisadores observaram que essas taxas variam muito de cirurgião para cirurgião. Alguns quase nunca realizam a segunda cirurgia, enquanto outros realizam em aproximadamente 70% dos seus pacientes.
No estudo, foram avaliadas as taxas de re-excisão (segunda cirurgida) em quatro instituições norte-americanas. Eles encontraram uma grande variação de centro para centro. Das 2.206 pacientes com câncer de mama incluídas na análise, 454 passaram por segunda cirurgia. Quarenta e oito mulheres passaram por duas cirurgias adicionais e sete mulheres por três reoperações.
A segunda cirurgia foi realizada em 86% das mulheres cujos exames de imagem mostraram que ainda havia tecido canceroso. Alguns cirurgiões também realizavam essa cirurgia quando não havia imagem clara que indicasse tumor. Essa taxa variou em até 70 % entre os cirurgiões e de 1,7% a 21% entre as instituições.
O estudo deixa claro que há muita variação na forma como é feito o atendimento à mulher que passa por mastectomia parcial. É necessário que esse assunto seja abordado com mais frequência entre paciente e médico. Também é preciso que seja cuiadosamente avaliada a real necessidade de cirurgia ems casos em que a imagem de tumor residual não é clara.
Os especialistas afirmam que a reoperação, além de agressiva, pode ser desnecessária atualmente. A quimioterapia e a terapia hormonal são opções eficazes e comumente utilizadas após a cirurgia. Uma operação desse porte precisa de mais critérios para ser realizada.
Proteja-se do câncer de mama
Quando o assunto é câncer de mama, a situação é alarmante, praticamente uma epidemia, segundo o diretor do Instituto Paulista de Cancerologia e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Ricardo Antunes. Por isso mesmo é necessário, mais do que nunca, o diagnóstico precoce. Veja a algumas recomendações para detectar a doença.
Faça o autoexame
"O autoexame ainda é uma das formas mais eficientes de detectar a doença. Quando ela é diagnosticada cedo (tumores de 2cm, em média) as chances de cura são de 90%" , afirma o médico. Para fazer o autoexame:
1. Tire a sua blusa e olhe a aparência de suas mamas em frente ao espelho.
2. Levante os braços e, em seguida, apalpe os seios até as axilas.
3. Coloque os braços na cintura e depois, alternando as mãos, continue apalpando. Perceba se há algum nódulo.
4. Deite-se e percorra suas mamas calmamente. Nesta hora, é bom apertar o bico dos seios para ver se não há secreções.
Evite álcool e cigarro
Cerca de 30% dos casos de câncer de mama advêm do vício em bebidas alcoólicas e cigarros. "Estes hábitos diminuem a resistência do organismo e favorecem o acúmulo de gordura corporal, o que pode levar ao câncer", explica o médico.

Fonte: Minha Vida

Primeira travesti a fazer doutorado no Brasil defende tese sobre discriminação

luma-travesti
Luma Andrade descreve o preconceito sofrido por travestis na rede pública de ensino e aponta lacunas na formação de professores; defesa será em julho

Antes de se tornar supervisora regional de 26 escolas públicas e ingressar no doutorado em Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luma Andrade assinou o nome João por 30 anos, foi rejeitada pelos pais na infância, discriminada na escola e, mais tarde, no trabalho.
Na tese de quase 400 páginas que irá defender em três meses, a primeira travesti a cursar um doutorado no Brasil relata a discriminação sofrida por pessoas como ela na rede pública de ensino. Ela também aponta lacunas na formação dos professores.
Criança nos anos de 1970, no município de Morada Nova, a 170 quilômetros de Fortaleza, o único filho homem de um casal de agricultores, era João, mas já se sentia Luma. Em casa, escondia-se para evitar ser confrontada. Na escola, apanhava dos meninos por querer parecer uma menina. Em uma das vezes que foi espancada, aos nove anos, queixou-se com a professora e, ao invés de apoio, ouviu que tinha culpa por ser daquele jeito.
Mais tarde, já com cabelos longos e roupa feminina, sofria de segunda a sexta-feira na chamada dos alunos, ao ser tratada pelo nome de batismo. Não se reconhecia no uniforme masculino que era obrigada a usar. Evitava ao máximo usar o banheiro. Aturava em silêncio as piadas que os colegas insistiam em fazer. "Se a travesti não se sujeitar e resistir, acaba sucumbindo", lamenta.
Luma se concentrou nos estudos e evitou os confrontos. "Tem momento que a gente quer desistir. Eu não ia ao banheiro urinar, porque eu queria usar o feminino, mas não podia. Então eu me continha e, às vezes, era insuportável", relembra. Mas ela concluiu o ensino médio e, aos 18 anos, entrou na universidade. Quando se formou aos 22, já dava aulas e resolveu assumir a homossexualidade. Quando contou que tinha um namorado, foi expulsa de casa.
Em 2003, já com o título de mestre, prestou concurso para lecionar biologia. Eram quatro vagas para uma escola estadual do município de Aracati, a 153 quilômetros de Fortaleza. Apenas ela passou. Contudo, o diretor da escola não a aceitou. Luma pediu a intervenção da Secretaria de Educação do Estado e conseguiu assumir o posto.
"Eu não era tida como um bom exemplo". Durante o período de estágio probatório, tentaram sabotar sua permanência na escola. "Uma coordenadora denunciou que eu estava mostrando os seios para os alunos na aula". Luma havia acabado de fazer o implante de proteses de silicone. "Eu já previa isso e passei a usar bata para me proteger, esconder. Eu tinha certeza que isso ia acontecer".
Anos depois, Luma assumiu um cargo na Coordenadoria Regional de Desenvolvimento de Educação de Russas, justamente a região onde nasceu. Como supervisora das escolas estaduais de diversos municípios, passou a interceder em casos de agressões semelhantes ao que ela viveu quando era estudante.
"Uma diretora de escola fez uma lista de alunos que, para ela, eram homossexuais. E aí mandou chamar os pais, pedindo para que eles tomassem providências". A providência, segundo ela, foi "muito surra". "O primeiro que foi espancado me procurou", lembra. Luma procurou a escola. Todos os gestores e professores passaram por uma capacitação para aprender como lidar com a sexualidade dos estudantes.
Um ano depois, em 2008, Luma se tornou a primeira travesti a ingressar em um doutorado no Brasil. Ela começou a pesquisar a situação de travestis que estudam na rede pública de ensino e constatou que o caso da diretora que levou um aluno a ser espancado pelos pais e todas as outras agressões sofridas por homossexuais tinham mesma a origem.
"Comecei o levantamento das travestis nas escolas públicas. Eu pedia para que os gestores informassem. Quando ia averiguar a existência real do travesti, os diretores diziam: 'tem aquele ali, mas não é assumido'. Percebi que estavam falando de gays", relata.
A partir desse contato, Luma trata em sua tese de que as travestis não podem esboçar reações a ataques homofóbicos para concluir os estudos.
Mas também sugere que os cursos de graduação em licenciatura formem profissionais mais preparados não apenas para tratar da homossexualidade no currículo escolar, mas também como lidar com as especificidades de cada pessoa e fazer da escola um lugar sem preconceitos.
"Cada pessoa tem uma forma de viver. Conforme ela se apresenta, vai se comunicar e interagir. O gay tem uma forma de interagir diferente de uma travesti ou de uma transexual. O não reconhecimento dessas singularidades provoca uma padronização. A ideia de que todo mundo é 'veado'".
A tese de Luma já passou por duas qualificações. Ela está em fase final, corrigindo alguns detalhes e vai defendê-la em julho, na UFC, em Fortaleza.
Fonte: IG

Resenha do Livro “Abdias do Nascimento”, de Sandra Almada

Por Jair Silva
Abdias Nascimento
ALMADA, Sandra. Abdias Nascimento. São Paulo: Selo Negro, 2009, 166p.

abdias
Convidada pela Editora Selo Negro para contar em uma biografia a vida de um grande e conhecido militante negro que viveu por mais de 90 anos de idade, o que não deixa de ser um imenso e gigantesco desafio para qualquer escritor que se aventure a escrever sobre a trajetória de um ativista e humanista da dimensão histórica e grandeza moral, cultural e intelectual como carregavaAbdias do Nascimento em sua brilhante trajetória de luta contra o racismo no Brasil e no mundo.Para a nossa alegria e felicidade, Sandra Almada aceitou essa tarefa com muita maestria, sensibilidade e competência. Uma professora universitária negra e pesquisadorapreocupada em reconstruir,valorizar e contar para o grande público a imagem e história dosafro-brasileirosno nosso Brasil, apesar de não ter na sua formação o ofício de historiadora em seu currículo acadêmico. Essa jornalista,também, já nos brindou com o livro Damas Negras-Sucesso,Lutas e Discriminações,uma obra que narra e conta a trajetória de atrizes negras como Léa Garcia, Chica Xavier, Zezé Mota e Ruth de Souza.
Com uma linguagem tipicamente didática e de fácil compreensão, como se quisesse atingir e conquistar o máximo de leitores nesse livro que contém 10 capítulos e 166 páginas. A jornalista Sandra Almada ao dizer que "diferentemente dos relatos historiográficos queapresentam de forma grandiosa os feitos monumentais de homens ligados às elites"(p.20), percebe-se claramente que de imediato ela quer colocar o leitor para conhecer a biografia de um negro oriundo das classes populares e que fez da sua trajetória social uma história de superação e luta contra as adversidades provocadas pelo racismo.É o que podemos perceber já no primeiro capítulo quando há uma transcriçãoda fala de Abdias Nascimento sobre o racismo que o mesmo enfrentou na vida escolar, mostrando que as professoras sempre encontravam formas ofensivas para falar com ele e a revelação triste de um racismo hostil que no ambiente educativo excluía o menino de fazer parte do teatro de fantoches, na escola.
Acreditamos que essa preocupação da escritora em detalhar os difíceis anos da infância e adolescência de Abdias no município de Franca, cidade onde o grande e respeitado ativista negro nasceu sob a condição de filho de uma doceira e cozinheiraque prestava serviços em fazendas da região. A autora revela que o menino Abdias tinha que trabalhar entregando leite e carne na casa de famílias abastadas, com apenas noveanos de idade. Ou trabalhando na condição de faxineiro num consultório de um médico onde teria começado os seus primeiros passos na literatura, entre os seus12 e 13 anos de idade, segundo a autora desta biografia.Na nossa concepção,ao discorrer sobre esse período da sociedade brasileira, mostrando como a população negra foi marginalizada num estado onde a imigração branca-europeia substituiu o negro no mercado de trabalho. Ao fazer esta analise tendo como base a vida familiar e social de Abdias Nascimento a autora revela para os leitores o alto grau de racismo impregnado no comportamento das elites da época,ao mesmo tempo em quenos mostra e faz entender toda uma conjuntura histórica e social naqual a raça negra foi jogada à própria sorte como diria Florestam Fernandes ao analisar a vida do negro na sociedade de classes, durante a chamada sociedade pós-abolicionista nas primeiras décadas do século XX.
Não temos dúvida que essa talvez tenha sido a principal intenção desta pesquisadora ao detalhar para o leitor determinados fatos e aspectos pouco conhecidos da vida de Abdias em Franca,cidade do interior do estado de São Paulo. Entretanto, esta escritora que há 20 anos acompanhava a militância de Abdias Nascimento não fica só no discurso da vitimização, já que a primeira lição de solidariedade racial que teve Abdias foi quando sua genitora impediu uma mulher branca de surrar uma pobre criança negra. Também gostei de ter lido notexto da jornalista Sandra Almada o gosto pelas letras e artes que marcou a adolescência dofuturo escritor e ativista negro. Vejo que esse tipo de informação faz com que o leitor entenda como um negro pobre e discriminado superou a ignorância imposta à população negra pela elite branca e racista da época, ao relatarrelações de amizade construídas por Abdias Nascimentoquando o mesmo foi chamado para tomar conta de um consultório de um dentista, onde ele teve a sorte de ter acesso a uma rica biblioteca a qual lhe possibilitou o convívio com leituras de obras clássicas de autores como os Sertões de Euclides da Cunha, A Carne de Júlio Ribeiro, O Ateneu de Raul Pompéia, além dos livros de Monteiro Lobato.
Já nos capítulos 2 e3, anossa autora convida o leitor a conhecer como Abdias teve contato com a cultura negra no Rio de Janeiro quando morava no morro da Mangueira e na cidade de Duque de Caxias e seu engajamento político com algumas entidades, a exemplo da Frente Negra Brasileiraem São Pauloe Ação Integralista Brasileira. Poderíamos debater e problematizar váriosaspectosrelevantes da vida deste ativista negro a partir das observações destapesquisadora. Poderíamos mostrar, por exemplo, as relações de amizadedo militante negro com o poeta, ator, escritor, teatrólogo e comunista Solano Trindade, assim como daria para descrever também que Abdias conviveu com nomes importantes da cultura negra brasileira como o maestro Abigail Moura, regente da Orquestra Afro-Brasileira e pioneiro na criação de música erudita influenciada por ritmos negros, e sua relação com a comunidade terreiro do babalorixáJoãozinho da Goméia. Mas,como fazer história é fazer escolhas, prefiro me ater a uma parte da história bastante polêmica narrada pela escritora ao entrevistar este pensador e pesquisador da História e culturas africanas e afro-brasileiras. Refiro-me a discussão que o livro traz para o leitor pensar sobre o que levou um negro progressista e libertário a entrar num movimento de inspiração facistae que foi criado por Plínio Salgado em 1932-a AIB.Para a jornalista Abdias foi sensibilizado pelo discurso anti-imperialista e nacionalista fortemente defendidos pelos integrantes da AIB e isto foi o que justificou a adesão do grande militante panafricanista a essa corrente política na época. Curiosamente, o livro na fala do engajamento nacionalista de Abdias na campanha O Petróleo é Nosso, o que não deixa de ser uma pequenafalha da nossa autora, por se tratar de um episódio tão importante da política nacional.
Ainda com base na visão desta escritora a adesão ao integralismo teria sido uma experiência positiva na vida do militante negro,visto que o nosso biografado passou a conviver com personalidades e intelectuais da cultura e política nacionais como Alceu Amoroso Lima, Roland Corbisier, Don Elder Câmara e Adonias filho, apesar de todo o racismo praticado contra a raça negra por membros que faziam parte da Ação Integralista Brasileira. É bom frisar que este preconceito racial o militante negro sentiu na pele, pois, segundo a autora mesmo ele sendo colaborador do jornal O Radical da AIB o secretário de redação não publicava fotos de Abdias ao lado dos entrevistados nas matérias.Entretanto,para este grande teatrólogo afro-brasileiro "o integralismo foi uma grande escola de vida"(p.53), tendo em vista que para um jovem pobre e sem muitas perspectivas de vida, à época, ao participar do movimento integralista ele passou a ter uma visão mais ampla sobre educação, cultura, literatura, artes, economia e sobre os grandes problemas da sociedade brasileira como disse o próprio Abdias do Nascimento ao explicar sua adesão a um movimento tão elitista, conservador e facista, como de fato foi a AIB. Felizmente, Sandra Almada mostra para o leitor que Abdias Nascimento conseguiu se redimir em atitudes e palavras ao relatar que em 1937 este ex-militante do movimento negro deixou a Ação Integralista Brasileira, passando a fazer declarações públicas de repúdio as ideias desse movimentocomo podemos constatar durante a Convenção Política do Negro Brasileiro, que foi presidida por eleem São Paulo, no ano de 1945.
No4º capítulo,Sandra revela um lado aventureiro epouco discutido quando se fala da vida do grande militante que vivia no Rio de Janeiro dividido entre "porres homéricos" e "discussões apaixonadas sobre arte e cultura"(p.62). Ela também nos leva a conhecer a vida de um rapaz que não estava preocupado com interesses nacionalistas e com questões ligadas ao movimento negro. Aqui a obra revela ao leitorumoutro Abdias em sintonia com "aquela coisa de desprezar a lógica, renegar a ordem social e moral" (p.62). Foi pensando dessa forma que ele entrou para um grupo formado por artistas, poetas, jornalistas e escritores– o grupo cultural Santa Hermandad Orquídea,viajando para países como Bolívia, Colômbia, Peru e Argentina.
O mais interessante nessa parte do livro reside num fato que aconteceu na cidade de Lima. Conforme essa autora, foi na capital peruana que ao assistir a peça O Imperador Jones em que o papel principal era protagonizado por um ator branco, que Abdias passou a refletir sobre a exclusão da raça negra no teatro brasileiro. Para que o leitor compreenda o impacto que teve essa cena na cabeça do jovem poeta e ator, Sandra afirma que a peça escrita pelo dramaturgo EugeneO'Neill tinha como personagem central um negro de nome Brutus Jones e tudo isto, obviamente, faz com que possamos compreender de forma mais objetiva os motivos que levaram o ativista a criar mais tarde o Teatro Experimental do Negro.
Ao discorrer sobre o capítulo 5, parte mais densa e que mereceu mais atenção daautora, obviamente por se tratar dos grandes embates travados pelos integrantes do TEN, sobretudo pela atuação marcante de sua maior liderança e fundador dessa experiência teatral, cujo objetivo era o combate ao racismo e valorização da História e cultura afro-brasileira. Nesse contexto, percebemos quea sua narrativa nos remete, a nosso ver, as fases mais ricas e produtivas do ponto de vista político e intelectual de Abdias.Não foi por acaso,que essa jornalista dedicou 27 páginaspara relatar ações e lutas antirracistas organizadas pelo Teatro Experimental do Negro durante os anos 40,50 e 60,destacando para nós diversas experiências que surgiram nesse período, a exemplo do jornal Quilombo, umveiculo de comunicação que foi utilizado como uma verdadeira tribuna de luta contra as desigualdades raciais e que contava com a colaboração de escritores e intelectuais do nível de Nelson Rodrigues, Solano Trindade, Carlos Drummond de Andrade, Raquel de Queiroz, Gilberto Freire,etc.Osconcursos de beleza Boneca de Piche e Rainha das Mulatas, pioneiros na valorização da estética da mulher negra brasileira, também são exemplos realçados pela jornalista para que tenhamos uma visão mais ampla e plural do que foram as lutastravadas pelo Teatro Experimental do Negro.
Queremos deixar bem claro que não é pretensão nossa analisar em uma resenha todas as lutas e fatos que Sandra nos oferece em relação a esse teatro produzido por negros e para os negros. Mas, acreditamos que esta obra nos oferece elementos importantes para que possamos compreender o que foi realmente esse movimento cultural negro que marcou as relações raciais no nosso país. Nesse item, podemos afirmar que o livro representa uma boa contribuição no processo de reelaboração da memória do povo negro, tendo em vista que em todos os níveis da educação brasileira poucos são os livros de História que abordam a existência de nomes como do advogado e talentoso ator Aguinaldo Camargo, do pintor Wilson Tibério e do intelectual e crítico de arte Ironides Rodrigues. Particularmente,vejo como extremamente positiva a forma como esta pesquisadora traz para a cena histórica o trabalho de negros e negras marginalizados por essa historiografia racista e ocidentalizada que, a rigor, nos impedi de ver o quanto essa experiência teatral foi importante na compreensão do racismo e na construção do processo de conscientização, luta e organizaçãodos negros daquela época.
Ainda nesse capítulo,concordo com a autora quando mostra que o TEN não estava isolado na sua difícil luta pelo fim da discriminação racial enfrentada nesse tempo pelaraça negra. O livro relata queos membros dessa organização negra mantinham contato comos principais jornais dos afro-americanos, assim como traduziu e divulgou o texto Orfeu Negro de Sartre e ainda reproduziu artigos de um jornal, organizado pelo doutor em ciências sociais Du Bois e a ligação que nutria com o movimento da negritude através da revistaPrésenceAfricaine. Na verdade, o livro é bastante rico em informações sobre o TEN, mas tem uma que merece destaque da nossa parte por se tratar de um debate extremamenteoportuno na educação contemporânea. Falamos da declaração final do I Congresso do Negro Brasileiroque ocorreu em 1950 e que esta escritora discute com clareza no livro. Ora, se hoje as escolas públicas e particulares são obrigadas a ter no seu currículo aulas de História da África e Cultura Afro-Brasileira, não podemos negar que esta foi mais uma das contribuições do TEN para a posteridade e de seu criador Abdias Nascimento, uma vez que neste documento final do Congresso recomendava-se junto ao Estado brasileiro "o estímulo ao estudo das reminiscências africanas no país"(p.88).
Já nos capítulos 6 e 7, o livro traz uma discussão sobre o pan-africanismo, o exílio e como o ativista brasileiro viveu num país onde a segregação racial vigorava de forma ostensiva. A autora informa que Abdias mesmo correndo o risco de ser expulso dos Estados Unidos ele "não deixou de se posicionar a favor da luta dos negros americanos"(p.96). Na Pátria americana,o poeta e artista plástico conviveu com lideranças e organizações negras americanas, além de ter sido convidado para fazer parte de simpósios,palestras, conferências econgressos promovidos por galerias de arte e Universidades. Um dado importante e que merece ser mencionado foi a criação da cadeira de Estudos Africanos no Novo Mundo que esta obra não registra,embora tenha sido uma das conquistas do ativista brasileiro nos Estados Unidos quando ele exerceu a função de professor na Universidade de Nova York. Além desses assuntos, a nossa autora também revela o envolvimento do ator e teatrólogo como pensamento pan africanista em que "Abdias optaria pela vertente nacionalista, encabeçada por Patrice Lumumba, AiméCesaire, Cheikh Anta Diop e Steve Biko"(p.108) , pois não aceitava nem o capitalismo nem o socialismo como alternativas para solucionar a problemática do racismo no mundo, de acordo com os argumentos da jornalista Sandra Almada.
Nocapítulo 8,concordamos mais uma vez com esta autora quando diz que ele foi "o primeiro parlamentar afro-brasileiro a dedicar seu mandato à luta contra o racismo" (p.120). Essa afirmação feita por essa jornalista descreve através das inúmeras lutas políticas que o grande militante negro travaria no Congresso Nacional na qualidade de Deputado Federal e mais tarde como Senador da Republica, para sensibilizar os demais parlamentares da importância de se combater o racismo institucional, objetivando o estabelecimento de políticas afirmativas que pudessem compensar a raça negra pelos séculos de escravidão. Também explicita algumas conquistas e realizações do intelectual depois de voltar do seu exílio dos Estados Unidos. Nesse ponto, podemos perceber que ela abre a discussão falando sobre a criação do Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros e como Abdias teve dificuldades para organizar o 3 Congresso de Cultura Negras das Américas por conta das barreiras impostas pelo governo militar,na época.Constatamos nessa parte do livro que o teatrólogo participou da fundação do PDT ao lado de Leonel Brizola, assim como foi o grande responsável pela criação da Secretaria do Movimento Negro deste partido, primeira secretaria de combate ao racismo construída dentro de um partido político na história do Brasil, embora ao ter entrevistado Abdias para fazer esta obra a escritora não tenha observado esse fato histórico. Creio que seria importante, a nosso ver, ela ter registrado essenosso comentário, apenas como forma de reafirmar a relevância da militância do poeta e ativista na história do movimento negro brasileiro.
No capítulo 9, acreditamos que a narrativa do texto destaca aopressão enfrentada pelo candomblé desde os primórdios da colonização no Brasil ena opção religiosa adotada por esse filho de Oxum- o poeta Abdias do Nascimento. Sandra mostra com base em depoimentossuas relações de amizade com a importante sacerdotisa Mãe Senhora e o artista plástico Mestre Didi, ambos integrantes do terreiro de matriz africana Ilê Axé Opô Afonjá.E, ainda, ressalta a escolha do candomblé na vida do ativista como parte de sua luta contra o racismo e que isto teria surgido em função da discriminação racial praticada historicamente por setores da Igreja Católica.
Finalmente, no capítulo 10, falando sobre as inúmeras homenagens que ele teria recebido em vida, a nossa autora não hesita em afirmar que temas como as políticas de cotas, bem como o próprio debate sobre a implementaçãoda Lei 10.639\03, uma Lei que estabelece o ensino da História e Cultura Afro-brasileira no sistema de ensino seriam mais umas das conquistas das lutaspela igualdade racial do ativista no Brasil, o que concordamos com seu ponto de vista. No mais, temos que reconhecer que esta obra pode e deve fazer parte de qualquer biblioteca,pois ela traz com riqueza de detalhes citações, falas e depoimentos de outros grandes militantes negros do porte de Carlos Moore,Sueli Carneiro, ÉleSemog e Elisa Larkin Nascimento,esposa e companheira de luta do singular e grande pensador das africanidades, comparado a personagens da História mundial como Luther King, Angela Davis eAiméCésaire, diga-se a bem da verdade.Portanto, em síntese, o livro traz uma belacontribuição historiográfica na medida em que esta obra nos oferece o conhecimento de boa parteda história do movimento negro no Brasil e no mundo,tendo como foco central avida do ativista e intelectual Abdias do Nascimento, o qual deve ser visto pelas futuras gerações como o maior ativista negro brasileiro e que contribui com sua luta antirracista para o progresso da humanidade. Logo,ao ler este livro recomendo como leitura obrigatória. É que esta obra faz com que tenhamos que enfrentar as nossaspróprias consciências neste mundo marcado por apatias políticas e por fortes doses de imobilismo em muitos representantes dos excluídos. Eperceber que o seu legado ainda está para ser avaliado em toda sua dimensão histórica e intelectual. Sinceramente, esperamos que outrosmilitantes negros(as), pesquisadores, jornalistas e historiadorestenham a ousadia e coragem de um dia fazer tal empreitada,sob pena de ficarmos eternamente perguntado como entender uma personalidade tão multifacetada e humanista, como foi de fato a de Abdias do Nascimento.



Fonte: Irdeb

Membros do Conselho Curador da Fundação Cultural Palmares são empossados por Ana de Hollanda


Rânia Fernandes/FCP
Rânia Fernandes/FCP
Ministra Ana de Hollanda fala da importância do papel da Fundação Cultural Palmares
Por Daiane Souza
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e Eloi Ferreira de Araujo, presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP), empossaram na tarde desta segunda-feira (26), os membros do Conselho Curador da instituição. Até 2015 os onze conselheiros serão responsáveis, especialmente, por formular propostas e avaliar questões relevantes à população negra brasileira.
O trabalho inclui o acompanhamento de políticas para a promoção dos direitos fundamentais, para a preservação da cultura e para a garantia do acesso da população afro-brasileira aos bens econômicos e sociais produzidos no país. De acordo com a ministra, o conselho é uma ferramenta para possibilitar o diálogo responsável entre representantes de setores do governo, junto a outras instituições e à sociedade civil.
Eloi Ferreira explica que o Conselho se constitui num órgão que traz ao governo o olhar da sociedade. “A proposta é que a Palmares cumpra o seu papel institucional de forma cada vez mais qualificada a partir das contribuições desses membros”, explica. “A expectativa é de que tenhamos condições de contribuir com nossos conhecimentos e experiências profissionais e até pessoais”, completou José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, empossado hoje.
Durante a cerimônia, Ana de Hollanda se comprometeu de que a FCP terá mais estrutura. “É o que falta para uma instituição que tem história, presença e que já é reconhecida nacional e internacionalmente”, afirmou. “É ela que leva o conhecimento que precisamos ter sobre nossas origens e influências”, completou.
Confira a formação do novo Conselho Curador da Fundação Cultural Palmares:
Membros Natos
Ana de Hollanda – Ministra da Cultura
Eloi Ferreira de Araujo – Presidente da Fundação Cultural Palmares  
Representantes Ministeriais
Magda Fernanda Medeiros Fernandes – Ministério da Justiça
Luiz Antonio Rodrigues Elias – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Maria Auxiliadora Lopes – Ministério da Educação  
Representante da Comunidade Indígena
Maria Helena Azumezuhero
Representantes da Comunidade Afro-brasileira
José Vicente
Kátia Alexandria Barbosa
Ivo Fonseca Silva
Marcos Antônio Cardoso
Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva 

Uma História do Sucesso Político das Mulheres Negras na Europa

Atualmente, não é raro encontrar mulheres oriundas da diáspora africana que tiveram sucesso em seus percursos socioprofissionais fora de seus países de origem. Muitas se destacaram também na política, ou seja, num contexto bem mais difícil. Contudo, não faz muito tempo e esse sucesso parecia impossível. Para conquistar este espaço, estas mulheres percorreram não só um longo caminho geográfico, mas também cultural e histórico cheio de armadilhas.
Para melhor apreciar o caminho percorrido, é necessário remontar ao século XIX e lembrar-se da imagem que os europeus tinham da mulher negra. Este artigo tratará somente dos casos de mulheres da diáspora africana que foram eleitas ou nomeadas a postos de responsabilidade em outros países que não a antiga potência colonial que dominava seus países de origem.
Uma história de racismo
A história da "Vênus hotentote" é sintomática das relações do Ocidente com a mulher africana nos séculos passados. Sébastien Hervieu [en, fr] conta a história da sul-africana Saartjie Baartman, mais conhecida como a "Vênus hotentote". Num artigo publicado em outubro de 2010 em seu blog afriquedusud.blog.lemonde.fr, ele faz uma resenha [fr] do filme de Abdellatif Kechichesobre esta trágica história:
Baartman
No início do século XIX, esta escrava foi levada à Europa e tornou-se objeto de atração nas feiras por causa de seus proeminentes atributos físicos. Alguns "cientistas" utilizaram-na para teorizar a inferioridade da "raça negra". Quando ela morreu, com somente 25 anos, seus órgãos genitais e seu cérebro foram colocados em frascos com formol, e seu esqueleto e um molde de seu corpo foram expostos no Museu do Homem em Paris. Apenas em 2002 que a França aceitou devolver os despojos de Saartjie Baartman à África do Sul, concluindo assim um longo imbróglio [fr] jurídico e diplomático.

Saartjie morreu em Paris a 29 de dezembro de 1815, os khoikhoi então apelaram a Nelson Mandela para pedir a restituição dos seus restos a fim de dar-lhe uma sepultura. O pedido foi recebido com a negativa das autoridades e do mundo científico francês em nome do patrimônio inalienável do Estado e da ciência, mas ao fim a França restituíu os despojos de Saartjie à África do Sul, onde, de acordo com os ritos de seu povo, foram purificados e postos numa cama de ervas secas ao qual se tocou fogo.
Noruega
Dois séculos mais tarde, o lugar da mulher negra na Europa mudou drasticamente. Entre outros, muitas dentre elas foram eleitas a postos de responsabilidade política.
Manuela Ramin-Osmundsen é uma das mais interessantes entre elas, pois ilustra as contradições que existem ainda em certos países. Ela teve de demitir-se da função de ministra na Noruega quando tinha só quatro meses na posição. O blog grioo.com descreve-nos seu percurso [fr]:
Manuela Ramin-Osmundsen
Originária da Ilha da Martinica, Manuela Ramin-Osmundsen, de 44 anos, xhegou ao posto de ministra da Infância e da Igualdade no governo de centro-esquerda norueguês a 18 de outubro de 2007 [...]. Ela é casada com Terje Osmundsen, um político membro do partido conservador da Noruega. Após seu casamento, ela adquiriu a nacionalidade norueguesa e renunciou à francesa. O país não autoriza a dupla nacionalidade.

Numa entrevista dada a Patrick Karam do site fxgpariscaraibe.com, ela explica algumas das razões que jogaram em seu favor para sua nomeação e as forças que a levaram a se demitir quatro meses depois de sua posse:
"Na Noruega se é obrigado a representar os dois sexos nos conselhos de administração, no mínimo com 40% de mulheres. Realizamos também uma política para estimular os homens a tomar mais responsabilidades em casa e assim permitir que as mulheres tenham uma carreira profissional. Trabalhei também com a infância em perigo, as violências, os maus-tratos... Trabalhei durante quatro meses sem ser criticada: uma experiência de sucesso. As críticas vieram com a nomeação de uma mediadora. Em retrospectiva, todos podiam ver que foi algo que saiu do nada. Eu cedi ante o poder da imprensa."
Suécia
Nyamko Sabuni
Nyamko Sabuni, originária da República Democrática do Congo, é uma ex-ministra da Suécia. Ela nasceu em 1969 no Burúndi, seu pai teve de fugir da perseguição. Ela foi eleita deputada no Riksdag em 2002 e aos 37 anos tornou-se ministra de 2006 a 2010 na Suécia.

Um artigo publicado por congopage.com conta [fr] seu percurso:
Em 1981, com a idade de 12 anos, ela chegou à Suécia com sua mãe e três de seus cinco irmãos e irmãs. Lá, encontrou seu pai, um político da oposição que fora encarcerado várias vezes no Congo (atualmente República Democrática do Congo), que havia vindo ao país nórdico com a ajuda da Anistia Internacional.





Países Baixos
Ayaan-Hirsi-Ali
Nascida na Somália em 1969 e circuncidada aos 5 anos, Ayaan Hirsi Ali estudou num colégio muçulmano para meninas. Submetida aos seus pais, seu clã e sua religião até os 23 anos, ela aproveitou uma viagem para visitar a família na Alemanha para fugir e escapar a um casamento forçado. Refugiada nos Países Baixos, ela adotou os valores liberais do Ocidente a ponto de se tornar uma jovem deputada da Haia e dizer-se ateia. Por ter trabalhado nos serviços sociais do reino, ela conhecia por dentro os horrores que se toleram contra as mulheres em nome do multiculturalismo.

Feroz oponente de vários aspectos do Islão e das tradições africanas contrárias ao respeito dos direitos humanos, ela fundou uma ONG cujos objetivos [en] são definidos da seguinte forma no blog ayaanhirsiali.org:
Em resposta aos contínuos abusos contra os direitos das mulheres, Ayaan Hirsi Ali e seus apoiadores criaram a Fundação AHA em 2007 para ajudar a proteger e defender os direitos das mulheres no Ocidente da opressão justificada pela religião e pela cultura.

Itália
A primeira pessoa negra a ser eleita para o parlamento italiano foi Mercedes Lourdes Frias. O blog Black Women in Europe apresenta-a [en] da seguinte forma:

frias mercedes phnucci
Mercedes Lourdes Frias nasceu na República Dominicana. Foi a primeira negra eleita para o parlamento italiano em 2006, onde serviu até abril de 2008. Foi membro da Comissão de Assuntos Constitucionais e da Comissão Parlamentar para a implementação dos controles sobre os Acordos de Schengen e o Controle e Supervisão da Imigração. Ela trabalha em atividades antirracistas e de recepção de imigrantes. De 1994 a 1997, foi membro do Conselho da Federação das Igrejas Protestantes na Itália. Na cidade de Empoli, Mercedes Frias serviu como conselheira para o meio ambiente, direitos da cidadania e igualdade de oportunidades.

O caso mais surpreendente dessas mulheres negras que foram eleitas por sufrágio universal ou nomeadas a postos de alta responsabilidade em países europeus é o de Sandra Maria (Sandy) Cane, eleita em 2009 no programa da Liga Norte, o partido mais racista e xenófobo da Itália. Um dos objetivos deste partido é a secessão de uma parte do Norte da Península Italiana (cujos limites ainda não estão muito definidos) já que seus dirigentes nãose dão com os italianos do sul.

O blog stranieriinitalia.it (estrangeiros na Itália) dá [it] um breve relato de sua carreira: 
A primeira prefeita de cor da Itália usa a camisa verde [a cor dos seguidores daEu sempre fui partidária da Liga, sem jamais ser muito militante. Quando era pequena, morria de rir ao ver os posters deles, curiosos mas com grande impacto. Depois, há mais ou menos quinze anos, aproximei-me um pouco mais. [...] Vejo como "muito americano", mesmo a Liga, por causa de sua insistência pelo respeito rigoroso à lei, até mesmo para os imigrantes ilegais. Ainda assim, ela ressalta que em Viggiù não há problemas de integração e muito menos de segurança. Entre suas prioridades, ela busca relançar o turismo na cidade através de uma atenção especial aos eventos e à cultura. Norte]. Sandra Maria (Sandy) Cane ganhou com somente 38 votos o lenço tricolor da prefeitura de Viggiù, 5 mil habitantes em Valceresio, entre a província de Varese e o cantão de Tessino.

Um passado com longa história de migração. A família da mãe da nova prefeita era de pedreiros originários de Viggiù e que emigraram para a França, onde durante a Segunda Guerra Mundial chegou o pai, um soldado afro-americano dos Estados Unidos. A nova prefeita nasceu em Springfield, Massachusetts, em 1961, mas dez anos depois da separação de seus pais seguiu sua mãe em sua vila natal.
rir ao ver os posters deles, curiosos mas com grande impacto. Depois, há mais ou menos quinze anos, aproximei-me um pouco mais. [...] Vejo como "muito americano", mesmo a Liga, por causa de sua insistência pelo respeito rigoroso à lei, até mesmo para os imigrantes ilegais. Ainda assim, ela ressalta que em Viggiù não há problemas de integração e muito menos de segurança. Entre suas prioridades, ela busca relançar o turismo na cidade através de uma atenção especial aos eventos e à cultura.

Apesar desses progressos notáveis na inclusão de mulheres africanas na política europeia, elas representam casos isolados, pois além das dificuldades que encontram por causa do racismo ou de natureza cultural e religiosa, incluindo suas próprias famílias e suas sociedades de origem, tiveram também de enfrentar os desafios que enfrentam todas as mulheres do mundo [fr]: violência conjugal, reesponsabilidade da procriação e da educação, marginalização e falta de presentação política.
Escrito por Abdoulaye Bah · Traduzido por Richard de Araújo


Fonte: Global Voice