quinta-feira, 7 de novembro de 2013


Enfim a Portaria para a efetivação do Comitê de Equidade em Saúde do Estado do Piauí saiu.



PORTARIA SESAPI/GAB. Nº. 1267/2013.
TERESINA (PI), 04 DE NOVEMBRO DE 2013.
O SECRETÁRIO DE ESTADO DA SAÚDE DO PIAUÍ, nos
usos de suas atribuições legais,
Considerando a emissão do Relatório de Auditoria CGE nº 07/
2013, da Controladoria Geral do Estado do Piauí, realizado no
âmbito desta Secretaria de Estado da Saúde, referente à análise
dos Pregões Presenciais 004-A/2012/SESAPI e 010/2012/
SESAPI, onde ficou constata uma sucessão de fatos
gravíssimos, bem como em consideração ao Parecer PGE/PLC
nº 456/2013 da Procuradoria Geral do Estado, que recomendou
a abertura de processo administrativo específico com o fito de
apurar a conduta das empresas participantes dos certames
acima mencionados;
Considerando que fora constituída Comissão Específica
formada pelas servidoras Ana Cecília Elvas Bohn, Candice
Maria Freire Trigueiro Escórcio e Luana Diniz Chaves Freire,
por meio da Portaria SESAPI/GAB nº 834, de 17/07/2013, no
intuito de apurar as responsabilidades das empresas
participantes nos Pregões Presenciais 004-A/2012/SESAPI e
010/2012/SESAPI;
Considerando que a Presidente da aludida Comissão, a
Procuradora do Estado Ana Cecília Elvas Bohn, esteve de
licença para tratamento de saúde pelo período de 01/07/2013 a
29/08/2013, conforme Portaria nº 250, de 29/07/2013, da
Procuradoria Geral do Estado, estando, assim, impossibilitada
de exercer a presidência da Comissão Específica;
Considerando que o Despacho do Chefe da Procuradoria de
Fiscalização e Controle de Atos Administrativos, Dr. Raimundo
Alves F. Gomes Filho, às fls. 08 do Processo Administrativo
SESAPI nº AA.900.1.027860/13-90, recomenda a “renovação”
da Portaria SESAPI/GAB nº 834, de 17/07/2013, com o fito de
concluir os trabalhos outrora mencionados;
RESOLVE:
Art. 1º. Renomear a Comissão Específica criada pela Portaria
SESAPI/GAB nº 834, de 17/07/2013, constituída pelos servidores abaixo
listados, a fim de que sejam apuradas as responsabilidades das
empresas participantes nos Pregões Presenciais 004-A/2012/SESAPI
e 010/2012/SESAPI.
a) Ana Cecília Elvas Bohn, Procuradora do Estado do Piauí –
Presidente da Comissão;
b) Candice Maria Freire Trigueiro Escórcio, Auditora
Governamental da CGE/PI – Membro;
c) Luana Diniz Chaves Freire, Gerente Terceirizada na SESAPI –
Secretária.
Art. 2º. O prazo para conclusão do Processo Administrativo
Específico será de 60 (sessenta) dias, contados da data da publicação
desta Portaria, podendo ser prorrogado por igual período.
Art. 3º. Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário.
Cientifique-se,
Publique-se,
Cumpra-se.
ERNANI DE PAIVA MAIA
Secretário de Estado da Saúde do Piauí
OF. 2639

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Núcleo de Pesquisa RODA GRIÔ-UFPI realizará o seu primeiro Congresso

Ocorre dias 6, 7 e 8 de novembro na Universidade Federal, em Teresina

O Núcleo de Pesquisas RODA GRIÔ: GEAfro – Gênero, Educação e Afrodescendência - UFPI, realizará o 1º CONGRESSO SOBRE GÊNERO, EDUCAÇÃO E AFRODESCENDÊNCIA – I CONGEAfro: Conquistas, experiências e desafios.
Ocorre dias 6, 7 e 8 de novembro na Universidade Federal, em Teresina. As inscrições para ouvintes estão abertas, encerrando-se dia 5 de novembro. Até dia 15 de outubro as inscrições estarão com preços promocionais.
Confira mais informações no site do evento:
https://sites.google.com/site/congeafro/home
cartaz_congeafro_2013

Negros são maioria das vítimas em homicídios registrados na capital

Levantamento de 2013 foi realizado pela Delegacia de Homicídios. Delegado de Direitos Humanos diz que muitos números são subnotificados.

Do G1 PI
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Segundo dados da Delegacia de Homicídios de Teresina, os negros são maioria das vítimas de assassinatos em Teresina. O levantamento apontou que 60% dos 210 homicídios registrados na capital envolvem negros.
O delegado de Direitos Humanos, Sebastião Escórcio, diz que este ano já foram registrados 90 casos de injúrias raciais, mas ressalta que muitos números são subnotificados quando se trata de casos de homicídios.
“Se ficar registrado que foi um crime motivado por descriminação da cor da pele, a orientação racial, ou por deficiência física ele consta nos autos como crime racial. Mas, a Delegacia de Direitos Humanos não tem a competência de investigar homicídios”, declarou.
No dia 2 de outubro, o racismo teria motivado um crime na Zona Leste da capital. Um servidor público foi assassinado a tiros dentro de um bar no Parque Universitário, depois de uma discussão iniciada após ter sido chamado de ‘negro’.

Polícia prende homem acusado de desfigurar companheira em Teresina

Homem retalhou o rosto da companheira com uma faca, diz delegada Vilma. Acusado, que estava foragido há seis meses, foi preso no Jacinta Andrade.
Ellyo Teixeira e Pedro SantiagoDo G1 PI
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Fizemos Justiça, diz delegada Vilma Alves (Foto: Ellyo Teixeira/G1)Fizemos Justiça, diz delegada Vilma Alves (Foto: Ellyo Teixeira/G1)













Um homem identificado como Ezequiel Fonseca foi preso na madrugada desta sexta-feira (4) acusado de desfigurar o rosto de sua companheira com sucessivas facadas, fato ocorrido há cerca de seis meses. A equipe de investigação da Delegacia da Mulher recebeu informações de que o agressor estava escondido em uma casa no Residencial Jacinta Andrade, Zona Norte de Teresina.

Segundo a delegada Vilma Alves, há oito meses a vítima havia procurado a polícia para denunciar as agressões a que vinha sofrendo. Após a notificação, a mulher chegou a trocar de casa três vezes com medo de represálias do ex-companheiro. 

“Há seis meses o Ezequiel descobriu onde ela estava morando e foi lá tentar matá-la. Nessa investida ela a esfaqueou em várias partes do corpo e ainda retalhou seu rosto. A vítima ficou desfigurada. A Polícia agiu, ele se escondeu, mas nós o achamos”, conta Vilma.

Nos seis meses em que o acusado esteve foragido, a vítima, com medo, começou a desenvolver vários problemas de saúde, inclusive tendo AVC (Acidente vascular Cerebral). “Ele teve uma série de transtornos por conta das agressões. O caso é tão grave que ela necessita de uma cirurgia reparadora na face. Hoje ela vive escondida em um abrigo”, afirma a delegada.

Para Vilma Alves, a prisão de Ezequiel mostra que a justiça foi feita. “Esse foi um dos casos mais emblemáticos do Piauí. Me sinto realizada com a prisão de uma homem tão perigoso e de poder ajudar a salvar uma vida. Fizemos justiça”, finaliza.
O acusado foi preso e encaminhado para Casa de Custódia. Ele foi indiciado, dentre outros crimes, por tentativa de homicídio, lesão corporal e ameaça.

Discussão termina em morte de idoso na Zona Leste de Teresina

 Catarina Costa e Pedro Santiago
Do G1 PI
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Crime ocorreu em um bar na Zona Leste (Foto: Catarina Costa/G1)Crime ocorreu em um bar na Zona Leste (Foto: Catarina Costa/G1)

Uma discussão acabou em morte no Parque Universitário, Zona Leste de Teresina. Segundo Antônio Gomes da Silva, colega de serviço da vítima e que estava com ele no momento do crime, Cecílio Santos Sousa, de 66 anos, chegou ao bar do Maru por volta das 16h, quando foi ofendido por um homem conhecido apenas como Braga, que se identificava como policial.
Antônio Gomes estava com a vítima no momento do crime (Foto: Catarina Costa/G1)Antônio Gomes estava com a vítima no momento do
crime (Foto: Catarina Costa/G1)
“O Cecílio chegou, pagou uma conta e pediu uma cerveja. Depois disso esse Braga o ofendeu o chamando de 'negro'. Zangado, Cecílio partiu para cima do homem, que sacou uma arma e deu um tiro. Nós corremos e ele deu mais dois tiros”, disse Gomes.

De acordo com o capitão Fernandes Sousa, da Polícia Militar, relatos do dono do bar dão conta que tanto a vítima quanto o atirador sempre frequentaram o local e que eles não se conheciam. “Suspeitamos que o homem conhecido como Braga tenha usado um revólver de calibre 38, porque não tinha cápsulas no chão. Não confirmamos que esse homem seja policial. Já entramos em contato com outros batalhões e ninguém sabe de um militar conhecido por esse nome”, disse.

Polícias das Rondas Ostensivas de Natureza Especial e do 5ª Batalhão da PM acompanham o caso.

domingo, 16 de junho de 2013

Matizes realiza ato “Nosso Sangue Pela Igualdade”

O Grupo Matizes realizou nesta sexta-feira (14) o ato “Nosso Sangue Pela Igualdade” em comemoração ao Dia Mundial do Doador de Sangue. A ação busca chamar a atenção da sociedade na luta pela revogação da  Portaria nº 1.353/2011, do Ministério da Saúde, que proíbe a doação de sangue os direitos de homens gays e bissexuais de doarem sangue. O ato aconteceu no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi). A movimentação foi intensa.
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Parentes de pessoas que estão internadas precisando de sangue agradeceram a iniciativa do Grupo. É o caso de Herculano da Silva, 73, que está com o sobrinho internado em um hospital de Teresina, precisando de seis bolsas de sangue, devido a complicações no coração.
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“Vim aqui atrás de pessoas caridosas para doarem sangue para o meu sobrinho e, felizmente, consegui encontrar pessoas dispostas a fazer esse ato de solidariedade”, afirma Herculano.
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De acordo com a diretora do Matizes, Marinalva Santana, a portaria da Anvisa é preconceituosa e atrasada, pois ela remonta ao pensamento da década de 90, que, erroneamente, propalava que a Aids era uma “peste gay”.
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“A doação de sangue é um gesto que salva milhares vidas. No entanto, infelizmente, são pouquíssimas as pessoas que realizam essa ação solidária no nosso Estado e em todo o restante do país. Por isso, é preciso, diariamente, lutar pela igualdade dos direitos dos doadores de sangue, pois existem muitos homens gays que querem doar sangue e não podem”, destaca Marinalva.
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A ação também foi elogiada por seguranças de uma empresa privada, que aceitaram o convite do Matizes e foram ao Hemopi doar sangue. “Decidimos abraçar essa causa, até porque nós já trabalhamos em área de risco, que é a segurança, e nada mais certo do que ajudar a quem precisa”, finaliza o segurança Roberto Borges.374455_196484717092739_1731339600_n - Cópia - Cópia (5)

sábado, 8 de junho de 2013

Grupo Matizes quer posicionamento da OAB sobre portaria que proíbe doação de sangue por gays

Ventura acrescenta ainda que "o impedimento de doação de sangue por homens gays e bissexuais reforça o estigma e a discriminação contra a comunidade LGBT no Brasil".

O Grupo Matizes se reuniu, na última sexta-feira (7), com o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinicius Furtado Coelho, em Teresina, para solicitar um posicionamento da OAB com relação à portaria nº 1.353/2011, do Ministério da Saúde, que veda a doação de sangue por homens gays e bissexuais.
Imagem: DivulgaçãoDeputada Margarete Coelho(Imagem:Divulgação)Deputada Margarete Coelho

A portaria foi publicada depois que o ministro da Saúde Alexandre Padilha assumiu compromisso com integrantes do Grupo Matizes e da Liga Brasileira de Lésbicas de rever a Resolução nº 153/2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que também impedia gays e homens bissexuais de doarem sangue. O texto da portaria nº 1.353 traz a ressalva de que "a orientação sexual (heterossexualidade, bissexualidade, homossexualidade) não deve ser usada como critério para seleção de doadores de sangue, por não constituir risco em si própria”.
Imagem: DivulgaçãoDesembargador Paes Landim e Marinalva Santana(Imagem:Divulgação)Desembargador Paes Landim e Marinalva Santana

Para o Matizes, a ressalva tem efeito prático ineficaz, uma vez que, embora exista, a portaria mantém a vedação da doação de sangue nos casos de homens que tiveram relações sexuais com outros homens. “Essa proibição é de constitucionalidade duvidosa, posto que contraria os princípios da dignidade humana, da não discriminação e da igualdade”, pondera a coordenadora do Grupo, Maria José Ventura.

Ventura acrescenta ainda que “o impedimento de doação de sangue por homens gays e bissexuais reforça o estigma e a discriminação contra a comunidade LGBT no Brasil”. Em 2011, o Matizes provocara o então presidente do Conselho Federal da Ordem, Ophir Cavalcante, no sentido de que a instituição debatesse a resolução da Anvisa, estudando a constitucionalidade da matéria.
Imagem: DivulgaçãoSigifroi Moreno e Matizes(Imagem:Divulgação)Sigifroi Moreno e Matizes

O atual presidente da Ordem, Marcus Vinicius Furtado Coelho, se comprometeu em prosseguir à análise da portaria, no âmbito do Conselho Federal, e ressalta que a OAB é uma instituição erguida na defesa dos direitos humanos e no combate à discriminação. A conselheira federal da OAB-PI e deputada estadual Margarete Coelho, que vestiu a camisa da campanha do Matizes “Nosso Sangue Pela Igualdade”, também assumiu o compromisso de dar celeridade à discussão da matéria na instituição.

A vice-presidente da OAB-PI, Eduarda Miranda, o conselheiro federal e ex-presidente da OAB-PI, Sigifroi Moreno, e o corregedor geral de Justiça do Piauí, Francisco Antônio Paes Landim, também deram apoio à Campanha “Nosso Sangue Pela Igualdade”.

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Fonte: Ascom

Mandela volta a ser internado na África do Sul

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Quadro do ex-presidente sul-africano é grave, mas estável, diz governo.
O prêmio Nobel da Paz está com 94 anos e com infecção pulmonar.

O ex-presidente da África do Sul e prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela, de 94 anos, foi internado em estado grave neste sábado (8) em um hospital de Pretória. Com infecção pulmonar, o quadro dele é estável, informou o governo.
“Esta madrugada, à1h30, seu estado se deteriorou e ele foi levado a um hospital de Pretória. Segue em estado grave, mas estável”, informou em nota a assessoria do presidente sul-africano Jacob Zuma.
A internação de Mandela é a segunda em dois meses.

Fonte: G1

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana

Alex Rodrigues
Repórter da Agência Brasil

Brasília - "Temos medo do Brasil." Foi com um desabafo inesperado que a romancista moçambicana Paulina Chiziane chamou a atenção do público do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília (DF). Ela se referia aos efeitos da presença, em Moçambique, de igrejas e templos brasileiros e de produtos culturais como as telenovelas que transmitem, na opinião dela, uma falsa imagem do país.
"Para nós, moçambicanos, a imagem do Brasil é a de um país branco ou, no máximo, mestiço. O único negro brasileiro bem-sucedido que reconhecemos como tal é o Pelé. Nas telenovelas, que são as responsáveis por definir a imagem que temos do Brasil, só vemos negros como carregadores ou como empregados domésticos. No topo [da representação social] estão os brancos. Esta é a imagem que o Brasil está vendendo ao mundo", criticou a autora, destacando que essas representações contribuem para perpetuar as desigualdades raciais e sociais existentes em seu país.
"De tanto ver nas novelas o branco mandando e o negro varrendo e carregando, o moçambicano passa a ver tal situação como aparentemente normal", sustenta Paulina, apontando para a mesma organização social em seu país.  
A presença de igrejas brasileiras em território moçambicano também tem impactos negativos na cultura do país, na avaliação da escritora. "Quando uma ou várias igrejas chegam e nos dizem que nossa maneira de crer não é correta, que a melhor crença é a que elas trazem, isso significa destruir uma identidade cultural. Não há o respeito às crenças locais. Na cultura africana, um curandeiro é não apenas o médico tradicional, mas também o detentor de parte da história e da cultura popular", detacou Paulina, criticando os governos dos dois países que permitem a intervenção dessas instituições.
Primeira mulher a publicar um livro em Moçambique, Paulina procura fugir de estereótipos em sua obra, principalmente, os que limitam a mulher ao papel de dependente, incapaz de pensar por si só, condicionada a apenas servir.
"Gosto muito dos poetas de meu país, mas nunca encontrei na literatura que os homens escrevem o perfil de uma mulher inteira. É sempre a boca, as pernas, um único aspecto. Nunca a sabedoria infinita que provém das mulheres", disse Paulina, lembrando que, até a colonização europeia, cabia às mulheres desempenhar a função narrativa e de transmitir o conhecimento.  
"Antes do colonialismo, a arte e a literatura eram femininas. Cabia às mulheres contar as histórias e, assim, socializar as crianças. Com o sistema colonial e o emprego do sistema de educação imperial, os homens passam a aprender a escrever e a contar as histórias. Por isso mesmo, ainda hoje, em Moçambique, há poucas mulheres escritoras", disse Paulina.
"Mesmo independentes [a partir de 1975], passamos a escrever a partir da educação europeia que havíamos recebido, levando os estereótipos e preconceitos que nos foram transmitidos. A sabedoria africana propriamente dita, a que é conhecida pelas mulheres, continua excluída. Isso para não dizer que mais da metade da população moçambicana não fala português e poucos são os autores que escrevem em outras línguas moçambicanas", disse Paulina.
Durante a bienal, foi relançado o livro Niketche, uma história de poligamia, de autoria da escritora moçambicana.


Edição: Lílian Beraldo

Sob camadas de invisibilidade, o racismo mata

O senhor BENEDITO SANTANA OLIVEIRA ESTÁ MORTO. Sua estória, entre tantas, é sobre o tratamento desumano dispensado às vítimas de racismo. Sobre o esforço para que o preconceito não seja classificado como invenção, exagero ou alucinação coletiva. Sobre um dos aspectos mais cruéis desse sistema de coisas de coisas invisíveis que segregam e matam como num pesadelo da vida real.
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O RACISMO MATA
Benedito Santana Oliveira será enterrado no Cemitério São João Batista em Rio Claro hoje pela manhã, na mesma hoar em que esse post é publicado. Deixa viúva e cinco filhos. Era paulista, negro, guardador de carros. Certamente conheceu a discriminação muito intimamente. Ainda nos meses que antecederam sua morte. O assassinato desse senhor de 71 anos, além de racismo, foi igualmente motivado por preconceito geográfico e de classe.
O delegado Marcus Vinícius Sebastião confirma que Axel Leonardo Ramos, um dos agressores, pertence à extrema direita organizada. Sua prisão preventiva foi negada duas vezes a despeito de seu envolvimento em um ataque a um jovem punk. O juiz entendeu que não existiam provas apesar de inúmeras evidências inequívocas. Há a suspeita de que o provável co-autor, Hélcio Alves Carvalho, também. Uma terceira pessoa ainda se encontra foragida.
Testemunhas revelaram que os autores fizeram questão de declarar que "paulistas são todos burros", "os pobres tinham que morrer" e que "não gostavam de negros e velhos". O racismo mata para vida, mata em vida. Socos, chutes e pontapés na cabeça do idoso já desacordado resultaram em traumatismo craniano, dias de internação, sofrimento familiar. Felizmente, dessa vez o juiz responsável pelo caso acatou o pedido de prisão preventiva dos acusados.
A PRIMEIRA REGRA SOBRE A DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Malgrado sua gravidade, o ataque foi descrito como lesão corporal grave (pena de reclusão, de um a cinco anos) e não tentativa de homicídio (pena de reclusão de até 30 anos, quando qualificado). Impressiona não apenas pelo racismo que originou tamanha violência mas por aquele que impediu a correta descrição da atrocidade. O crime que não se consumou imeditamente dada a resistência de uma segunda vítima mais jovem.
O racismo mata porém muito frequentemente é considerado coisa menor, um detalhezinho. É o acontece toda vez que a discriminação deixa de ser o crime inafiançável que é, vira uma simples ofensa racial. Um detalhe técnico sobre o qual pouco se fala, ferramenta que não falha em favorecer o agressor. A quem se encontra em posição de fragilidade resta o ônus da prova. E mesmo que um conjunto sólido de evidências seja reunido, não há garantias.
Esse é o pior tratamento que se pode dispensar a uma pessoa que sofre ou sofreu por causa do racismo. A única certeza é que sempre vai aparecer alguém que se preste ao trabalho. Que fará questão de desqualificar seu sofrimento. Para essas pessoas a primeira regra sobre a discriminação é que os discriminados não deveriam falar sobre ela. Eles simplesmente não querem ouvir.
A PELE ESCURA SOB CAMADAS DE INVISIBILIDADE
Porém, há aspectos ainda mais repugnantes nesse filme de terror onde o racismo mata com extrema rapidez. Uma semana após receber alta, o idoso precisou ser internado novamente. Tinha peunomia, infecção urinária, respirava por aparelhos. Ainda assim, teve de esperar pela liberação de uma vaga numa unidade de terapia intensiva. O racismo se manifestava novamente, dessa vez através da desigual distribuição dos serviços de saúde.
Pobre, negro e velho, se tornou dispensável e incômodo demais. Sobreviveu por muito tempo. Vítima de crime inafiançavel, não teve sequer a oportunidade de ver o racismo que o vitimou ser caracterizado como tal, o atentado ser devidamente reconhecido. Em nenhum momento foi acolhido como deveria ter sido. Mais uma vez, o racismo matou sob diversas camadas de invisibilidade. Assim, à luz do dia. E quase ninguém viu.
O mínimo que a gente deve fazer é não esquecer.
Por : Charô Lastra

Fonte: Oneiro Phanta

Brasil e mais 5 países assinam convenção sobre racismo da OEA

logo OEA
Antígua e Barbuda, Argentina, Brasil, Costa Rica, Equador e Uruguai se tornaram na quinta-feira os primeiros signatários de duas convenções sobre o racismo aprovadas na Assembleia Geral da OEA. Os delegados dos seis países assinaram a Convenção Interamericana contra o racismo, a discriminação racial e formas conexas de intolerância, assim como a Convenção Interamericana contra toda forma de discriminação e intolerância.
Para que as convenções entrem em vigor precisam ser ratificadas pelos congressos de dois países signatários. Os dois instrumentos foram aprovados na quarta-feira, depois de oito anos de negociações na Organização dos Estados Americanos (OEA), lideradas pelo Brasil.


Fonte: Terra

quinta-feira, 6 de junho de 2013

MULHERES NEGRAS DO PIAUÍ DISCUTEM SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E OS DESAFIOS PARA SUPERAÇÃO DAS DESIGUALDADES DE GÊNERO E RAÇA.



O Instituto da Mulher Negra do Piauí – AYABÁS realizou no ultimo fim de semana, o I SEMINÁRIO ESTADUAL DE MULHERES NEGRAS E SAÚDE, com a participação de mulheres negras das mais diversas regiões do Estado e com convidadas de outros Estados. O evento foi uma parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí - SESAPI e contou com o apoio de outras organizações como Coordenadoria Ecumênica de Serviço /CESE , Steve BIKO, Instituto Mídia Étnica, SEMTCAS, SASC, SEMEC, SEMEST, SEDUC  e FUNDAC.
Com o objetivo de discutir a saúde da mulher negra e as políticas públicas no Piauí que atendam a demanda existente nessa área, o evento foi também um momento de oportunizar um intercambio entre as várias organizações negras do Estado e de discutir as questões étnico-raciais com recorte de gênero, apontando avanços, dificuldades e desafios no processo de articulação dessas mulheres negras. Ao final, discutiram-se a constituição de uma Rede de Mulheres Negras do Piauí, que possa descentralizar discussões e ampliar sua organização de forma a efetivar ações da pauta feminista que contribuam para autonomia política, econômica e social das mulheres negras piauienses.
Para a Presidenta em exercício, do AYABÁS, Professora Haldaci Regina o Seminário “é um momento importante para reconhecimento das mulheres negras no Piauí e para o levantamento do quadro de necessidades e desafios que leva a articulação de uma Rede de Mulheres Negras no Estado”.
O evento deve a participações dos municípios de Floriano, Parnaíba, Amarante, Esperantina, Queimada Nova, Altos, Campo Maior, Batalha, Paquetá, São Raimundo Nonato, São João do Piauí, Castelo do Piauí, Campinas do Piauí (Salinas) e Teresina, com um número maior de representações das entidades de mulheres e Instituições Governamentais.
O Seminário também contou com a presença de uma representante da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial-SEPPIR/PR, Mônica Oliveira, e representações do Centro de Cultura Negra do Maranhão-CCN, Gisele Padilha, Grupo de Mulheres Mãe Andreza (MA), CEDENPA (PA), Maria Luiza, Sintepp/PA, Lucilene Moitinho.   O movimento de mulheres negras da Bahia foi representado pela coordenadora do Programa de Saúde do Odara – Instituto da Mulher negra/Rede de Mulheres Negras do Nordeste, Emanuelle Góes.



O encerramento do I Seminário Estadual de Mulheres Negras e Saúde teve como pauta principal a aprovação de uma Carta com o resultado das discussões feitas e as principais demandas, que deverá ser encaminhada posteriormente às autoridades competentes, bem como, a Criação da Rede Estadual de Mulheres Negras do Piauí. 





















terça-feira, 28 de maio de 2013

O PRIMEIRO CONCURSO DE BELEZA NEGRA DA HISTÓRIA

Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrado e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail:walterpassos@gmail.com

É fundamental nos estudos afrocêntricos compreender o continente africano e asiático como uma continuidade geográfica (de fato, até a construção do moderno Canal de Suez, em 1869) é indispensável para reafirmação da verdadeira história e dinâmicas sociais. Afirmar também que toda essa extensão geográfica constituía a dinâmica de populações preta: suas civilizações, relações comerciais, religiões, conflitos, e principalmente o reflexo do modo africano de viver em sociedade.
Esse artigo versará regiões e pessoas de origem africana, incontestavelmente pessoas pretas, que formaram incríveis civilizações por acinte omitidas pela história eurocêntrica, embranquecida.
O fato histórico a ser descrito ocorreu entre 485 a 465 a.C (antes do nascimento de Yeshua, o Messias) e têm encontrado no Livro de Esther alguns de seus principais personagens:
1-E sucedeu nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias,
2- Que, assentando-se o rei Assuero no trono do seu reino, que estava na fortaleza de Susã.
Xerxes I (خشایارشا) foi um rei persa (reinou de 485 a 465 a.C), da dinastia aquemênida. "Xerxes" é tentativa na língua grega de soletrar o nome persa Khshayarsha. Na Bíblia Xerxes I é conhecido como Assuero.
Xerxes I (Assuero) e Rodrigo Santoro No filme “300”, mais uma vez o cinema nega a negritude das personagens.

5- Havia então um homem judeu na fortaleza de Susã, cujo nome era Mardoqueu, filho de Jair, filho de Simei, filho de Quis, homem benjamita,
6- Que fora transportado de Jerusalém, com os cativos que foram levados com Jeconias, rei de Judá, o qual transportara Nabucodonosor, rei de babilônia.
7- Este criara a Hadassa (que é Ester, filha de seu tio), porque não tinha pai nem mãe; e era jovem bela de presença e formosa; e, morrendo seu pai e sua mãe, Mardoqueu a tomara por sua filha.

Então, temos duas personagens principais: Assuero e Hadassa, duas personagens negras atuando em uma cidade negra chamada Susã.
Antes de entrarmos no concurso de beleza negra iremos falar sobre as principais civilizações inseridas neste contexto histórico:

Os Elamitas

Gênesis 10:21-22 - A Sem, que foi o pai de todos os filhos de Eber e irmão mais velho de Jafé, a ele também nasceram filhos. Os filhos de Sem foram: Elão, Assur, Arfaxade, Lude e Arão.Elão foi uma das mais antigas civilizações da Terra e teve como berço as antigas civilizações de Khemt (Egito) e de Cush, da mesma forma que os sumérios tiveram.
A civilização de Elão estava situada ao norte do Golfo Pérsico e do Rio Tigre, a leste da antiga Babilônia, onde hoje é o sudoeste do Irã e Iraque. Foram conhecidos como um povo belicoso que ameaçava a toda poderosa Babilônia. A civilização contou com um grande desenvolvimento em todas as áreas do conhecimento, tanto literário e quanto arquitetônico e escultural, produzindo ao mesmo tempo diversos utensílios de metais preciosos e muitos templos religiosos.
Os Elamitas se originaram no Vale do Nilo e fizeram parte das migrações africanas das pessoas dessa área, cerca de 8000 a.C a 5000 a.C. O estabelecimento do reino de Elão localizou-se onde os habitantes eram em sua maioria puramente pretos (nos termos antropológicos Negroide-Astraloid), da mesma escala das pessoas pretas que habitam o Sri-Lanka e o sul da Índia. Alguns dizem serem os Elamitas cushitas puro-sangue.


Herodotus e outros escritores gregos da casa de Memnon os descreviam como pessoas advindas da Etiópia (África), a terra dos pretos.
São descritos também como pessoas baixas e robustas de epiderme marrom, cabelos e olhos crespos e pretos, que habitaram uma considerável parte do continente asiático em tempos antigos, como se pode observar nas imagens por eles desenhadas.A capital do Reinado foi a cidade de Susã. Por este motivo também são conhecidos como Susianos. Algumas outras cidades também merecem destaque como Awan, Simash, Madaktu e Dur-Untash.
Cidade de Susã, capital do Império Elamita
Além da guerra, o comércio foi o centro das relações dos Elamitas, que comercializavam com todo o continente africano. Suas embarcações atravessavam o Tigre e o Eufrates e também o sudoeste africano, indo pelo Mar Vermelho.
Depois na história entrem 750 d.C a 450 d.C os Assírios invadiram militarmente os Elamitas e o dominaram saqueando quase completamente a região da Babilônia.
Observem o detalhe do cabelo crespo, a barba e o nariz tipicamente com traços Cushitas, africanos.

OS HEBREUSNão há duvidas sobre a negritude dos verdadeiros hebreus, apesar de hoje habitarem a terra prometida, pessoas caucasianas que não são os verdadeiros descendentes de Abrão, Isaque e Jacó. São os Askenazis convertidos a tradição dos hebreus, e em breve faremos um artigo especial sobre esse fato.
A arqueologia, o Primeiro Testamento e os hebreus pretos espalhados no continente africano e americano nos dão as provas consistentes da aparência de Hadassa, a mulher preta que venceu o primeiro concurso de Beleza negra realizado na cidade Susã.
Os relatos sobre a vida de Moisés no Primeiro Testamento atestam a sua negritude.
Obeliscos encontrados em escavações, que atualmente estão no Museu britânico:


Hebreus no cativeiro - Olhem os detalhes são pessoas pretas
O CONCURSO DE BELEZA NEGRA2-Então disseram os servos do rei, que lhe serviam: Busquem-se para o rei moças virgens e formosas.
3- E ponha o rei oficiais em todas as províncias do seu reino, que ajuntem a todas as moças virgens e formosas, na fortaleza de Susã, na casa das mulheres, aos cuidados de Hegai, camareiro do rei, guarda das mulheres, e dêem-se-lhes os seus enfeites.
4- E a moça que parecer bem aos olhos do rei, reine em lugar de Vasti. E isto pareceu bem aos olhos do rei, e ele assim fez.
O Império Persa possuía regiões que iam da Etiópia até a Índia, e de lá vieram dezenas de mulheres pretas, sendo escolhidas as mais belas e formosas, objetivando de se escolher a esposa do rei Assuero (Xerxes I). A beleza da mulher negra sempre foi ressaltada e louvada nos escritos da antiguidade, inclusive o preto Salomão, foi um admirador e apaixonado pelas mulheres originais - as mais belas do planeta. O seu amor pela Rainha Makeda ou Balkis do reino de Sabá, tornou-se a mais conhecida das histórias de amor da literatura mundial.
16- Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à sua casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado.
17- E o rei amou a Ester mais do que a todas as mulheres, e alcançou perante ele graça e benevolência mais do que todas as virgens; e pôs a coroa real na sua cabeça, e a fez rainha em lugar de Vasti.
18- Então o rei deu um grande banquete a todos os seus príncipes e aos seus servos; era o banquete de Ester; e deu alívio às províncias, e fez presentes segundo a generosidade do rei.

Entre dezenas de lindas jovens de diversas nações pretas, Hadassa (Ester) foi considerada a mais bela entre as belas e teve posteriormente um papel fundamental na preservação do seu povo, evitando que o mesmo fosse exterminado. Em outro artigo escreveremos da Negra Hadassa, amor ao seu povo e Purim.