sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A história do racismo no futebol brasileiro


MARIO FILHO (1918-1966)
A história do racismo no futebol brasileiro

Por Julio Ribeiro Xavier em 10/04/2012 na edição 689

O Negro no Futebol Brasileiro, de Mario Filho, 342 pp., Editora Mauad X, 1947

Em tempo de Copa do Mundo, tendo o Brasil como país-sede em 2014, é sempre bom lembrar a trajetória da nossa “paixão nacional”. E ninguém melhor do que o jornalista e escritor Mario Filho para abordar o assunto. Mario Filho nasceu em Pernambuco, viveu no Rio e trabalhou nos jornais A Manhã, A Crítica e O Globo. Depois dirigiu o Jornal dos Sports até a sua morte, em 1966. A prática de racismo no futebol não é uma novidade no Brasil. Mario Filho tratou do assunto em 1947. Com O Negro no Futebol Brasileiro, livro publicado em 1947, o jornalista abordou um assunto incômodo para a época: o lento e doloroso ingresso de negros e mulatos no futebol brasileiro. Afinal de contas, até pouco tempo, nossa sociedade pregava aqui e no exterior que a nossa democracia racial era um exemplo para o mundo de convivência harmoniosa entre negros e brancos.

Nos primórdios, no nosso “esporte nacional”, ainda não era comum jogar banana ou xingar um jogador negro de “macaco” nos campos de futebol. Naquela época, futebol era coisa de branco e rico. Introduzido no Brasil pelos ingleses que aqui chegaram, no futebol não se admitia mulato ou negro nos campos, e nas aquibancadas eram raridade. Era o Brasil onde o futebol tinha um sentido aristocrático. Era “coisa de bacana”.

Com a vitória da equipe brasileira no Campeonato Sul-Americano em 1919, a imprensa e alguns escritores, como Coelho Neto, passaram a dar grande destaque ao futebol, que entrou no gosto do povo. Em 1921, o então presidente Epitácio Pessoa “recomendou” que o Brasil não levasse jogadores negros à Argentina, onde se realizaria o Sul-Americano daquele ano. Era preciso, segundo ele, projetar no exterior uma “outra imagem” nossa, composta “pelo melhor de nossa sociedade”.

Cínico e hipócrita

Era a política do Estado brasileiro, em relação àsua população negra, alcançando o futebol. O primeiro herói mulato do futebol brasileiro foi um atacante de cabelos crespos, filho de pai alemão e mãe negra. Friedenreich, do Paulistano (SP), se tornou ídolo em 1919, depois de fazer um gol contra o Uruguai. “O povo descobria, de repente, que o futebol deveria ser de todas as cores, futebol sem classe, tudo misturado, bem brasileiro,” escreveu Mario Filho.

O livro aborda a inovação da equipe de futebol do Clube Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, que era oriundo da Segunda Divisão e que, utilizando um time formado por brancos, negros e mulatos, conquistou o título da Primeira Divisão do campeonato carioca enfrentando equipes formadas apenas por brancos. Mas Mario Filho lembra um comentário de um dirigente vascaíno da época: “Entre um preto e um branco, os dois jogando a mesma coisa, o Vasco fica com o branco. O preto é para a necessidade, para ajudar o Vasco a vencer.”

Mario Filho foi mais além ao lembrar o torneio do Natal entre as equipes de futebol do Rio de Janeiro e São Paulo. No dia 25 de dezembro de 1916, paulistas e cariocas disputaram um jogo de seleções em São Paulo. Como muitos brancos se recusaram a jogar no Natal, os cariocas completaram o time com negros e mulatos. No campo, uma derrota: 9 a 1. Após o jogo, os cariocas afirmaram que a seleção não representava o verdadeiro Rio. “A real possuía família e jamais deixaria seus parentes solitários numa noite de Natal. Só negros e mulatos eram capazes de agir dessa forma.”

Ao escrever um livro dedicado a abordar a trajetória dos negros e mulatos no futebol brasileiro, Mario Filho conhecia bem o campo em que estava pisando. O campo do racismo cínico e hipócrita que persiste até os dias de hoje e que faz muitos estragos não só nos gramados, mas em toda a estrutura da nossa sociedade.

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[Julio Ribeiro Xavier é historiador, Pelotas, RS]


http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed689_a_histori...


Fonte: Matizes 
A 8ª Semana do Orgulho de Ser de Teresina acontece entre os dias 26 a 31 de Agosto. O tema escolhido para nortear os debates da Semana é “Saúde e Diversidade: Múltiplos Olhares" . Já a 11ª Parada da Diversidade ocorrerá no dia 1º de setembro, sábado, encerrando a 8ª Semana do Orgulho de Ser.



É o Grupo Matizes, uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo a defesa dos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, quem realiza anualmente a Semana do Orgulho de Ser em Teresina, bem como a Parada da Diversidade. A 8ª Semana do Orgulho de Ser contará com uma extensa programação, desde debates de mostra de filmes, até shows artísticos e musicais, antecedendo à 11ª Parada da Diversidade, prevista a ocorrer no dia 1º de setembro de 2012, a partir de 17 horas, na Avenida Raul Lopes, zona leste de Teresina.


ESCOLA E HOMOFOBIA: A  Fundação Perseu Abramo em parceira com a Fundação Rosa Luxemburgo Stiftung realizou estudo em 150 municípios brasileiros, abrangendo todas regiões do país e constatou: o espaço escolar pode ser  ambiente favorável para superação da homofobia. Para refletir sobre o assunto na Semana do Orgulho de Ser, a mesa-redonda “Homossexualidade na sala de aula” discutirá mecanismos de enfrentamento ao preconceito e à discriminação na escola

SAÚDE: O estigma e o preconceito são fatores  impulsionadores  para o  processo de adoecimento da população lgbt. O resultado dessa situação aponta que, se comparado com pessoas heterossexuais,  gays e lésbicas  procuram menos os serviços de saúde. Travestis e transexuais também vivenciam a exclusão do acesso integral ao direito à saúde. A Oficina “Atenção à saúde para travestis, transexuais  e gays”  debaterá com profissionais da área médica sobre tratamento respeitoso e igualitário para lgbts no sistema de saúde. 

RELIGIÃO: Uma das atividades da 8ª Semana do Orgulho de Ser  que vai desconstruir visões simplistas e equivocadas do discurso fundamentalista religioso será a palestra “Saúde espiritual da pessoa lgbt através da inclusão”. O palestrante Paulo Steckel (RS) – coordenador geral do Movimento Espiritualidade Inclusiva – refletirá sobre o papel das religiões inclusivas como fonte de promoção do respeito, do acolhimento e  do diálogo fraterno e amoroso com a diversidade sexual. 
(Confira abaixo a programação completa)
O vice-presidente do grupo Matizes, Herbert Medeiros, adiantou que nesse ano uma das novidades do evento será a realização do torneio da diversidade. "A proposta é promover competições esportivas com participantes de várias minorias", alertou.
As instituições públicas de Ensino Superior são parceiras do Matizes na realização do evento. Diversas palestras serão ministradas em salas da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), nos campi Clóvis Moura e Torquato Neto. A Universidade Federal do Piauí (UFPI) também sediará várias atividades, entre elas, a “6ª Semana Universitária do Amor de Iguais”.
Todas as atividades da Semana do Orgulho de Ser são gratuitas e não é necessário fazer inscrição prévia. Qualquer pessoa interessada no tema da diversidade sexual pode participar. 

A Parada da Diversidade tem o objetivo de dialogar com a sociedade piauiense e os entes públicos sobre os direitos da população LGBT e a importância da efetivação destes para a construção de uma sociedade justa e igualitária. É de grande importância 



MADRINHA E PADRINHO DA PARADA


                                                         


A Parada da Diversidade deste ano já tem seus padrinhos: a jornalista Nayara Felizardo  (à esquerda) e o professor Solimar Oliveira ( à direita), escolhidos pelos internautas.

Os novos padrinhos serão homenageados por suas atuações junto ao segmento LGBT no Piauí. Segundo levantamento do Matizes, Nayara é a repórter que mais escreveu matérias sobre os direitos LGBT no Piauí, em 2011. Já o professor Solimar Oliveira é um dos fundadores do Grupo Matizes e, constantemente, aborda questões relativas à diversidade sexual em seus estudos.
O concurso de madrinha e padrinho da Parada da Diversidade acontece desde 2008. O Grupo Matizes pré-seleciona os candidatos tendo como critério a contribuição dada, por meio de suas áreas de atuação, para incentivar o respeito à diversidade. A decisão final fica com os internautas, que definem quem serão os homenageados.

PROGRAMAÇÃO DA 8ª SEMANA DO ORGULHO DE SER 

ATIVIDADES CULTURAIS E ESPORTIVAS:

25 de agosto

  
14h – Torneio de Futsal feminino - Quadra do Liceu Piauiense
16h – Carangayjada - com Grupo Excitação - Local: Barão do Caranguejo (Av. Barão de Gurgueia, 980)

26 de agosto


16h - 2ª CÃOminhada em defesa dos animais - Ponte Estaiada


27 de agosto

9h - Exibição do filme "O menino peixe", seguida de roda de bate-papo - Sala de Vídeo do CCECA/Campus Torquato Neto/UESPI
12h - Exibição do filme "Plata queimada" - Sala Torquato Neto (Clube dos Diários)
15h - Exibição do filme "Viola di Mare", seguida de roda de bate-papo - Sala de Vídeo do CCECA/Campus Torquato Neto/UESPI
18h30min – Exibição do filme: "O Padre" - seguida de roda de bate-papo - Sala de Vídeo do CCECA/Campus Torquato Neto/ UESPI

28 de agosto


12h - Exibição do filme "Do começo ao fim" - Sala Torquato Neto(Clube dos Diários)
15h Vídeo: Orações para Bob - Sala de vídeo do Campus Clóvis Moura/UESPI

29 de agosto
12h - Exibição do filme "Oraçoes para Bob" - Sala Torquato Neto (Clube dos Diários)
19h – Show Boca da Noite “O mar de Teresina fica no céu da boca das meninas” (homenagem das lésbicas e mulheres bissexuais aos 160 anos de Teresina) - Local: Espaço Osório Jr.

30 de agosto 

9h - Exibição do filme "Viola di Mare", seguida de roda de bate-papo - Sala de Vídeo do CCECA/Campus Torquato Neto/UESPI
12h - Exibição do filme "Sebastiane" - Sala Torquato Neto (Clube dos Diários)
15h - Exibição do filme "O diário secreto de Anne Lister",seguida de roda de bate-papo - Sala de Vídeo do CCECA/Campus Torquato Neto/UESPI
18h30min - Exibição do filme "Viola di Mare", seguida de roda de bate-papo - Sala de Vídeo do CCECA/Campus Torquato Neto/UESPI

31 de agosto


12h - Exibição do filme "Strella" - Sala Torquato Neto (Clube dos Diários)
18h30min - Coral UESPI apresenta: musical gonzaguiano – 100 do Rei do Baião - Regência: Profa. Maria Cláudia Anjos e Tenório – Teatro de Arena - Campus Clóvis Moura - UESPI 

1º de setembro


17h - 11ª PARADA DA DIVERSIDADE - Av. Raul Lopes
19h - SHOW DA DIVERSIDADE  - Local: Ponte Estaiada 

DEBATES/PALESTRAS E OFICINAS

27 de agosto

9h - Mesa redonda: Falando de homossexualidade na sala de aula –Prof. Dr. Francisco Junior (UFPI); Profª MsC Adélia Dalva Oliveira (NOVAFAPI) e Profª Msc. Consolação Pitanga (Novafapi) – Faculdade Novafapi
16h - Palestra: A legalização da união homoafetiva: reflexões - Thaynara Marwell de Oliveira Riedel (Graduanda do Curso de Bacharelado em Direito- CEUT) - Sala de vídeo do Campus Clóvis Moura/UESPI 
18h - Roda de diálogos – Atenção à saúde  para travestis e transexuais - Facilitador: Cordeiro Filho (médico Urologista)- Faculdade Novafapi 
18h30min – Mesa-redonda: Os homossexuais e a nova cara da AIDS – Auditório do CEUT

28 de agosto


9h –Mesa-redonda: Homossexuais e o ensino de saúde - Profª MsC. Susane Castro (Novafapi) e Profª MsC. Francisca Cecília V. Rocha (Novafapi) - Faculdade Novafapi
16h - Palestra: Homofobia e políticas públicas - Karol Jerfesson Alves de Sousa - Sala de vídeo do Campus Clóvis Moura/ UESPI 
18h30min- Palestra - Reflexões sobre orientação sexual e identidade de gênero não-hegemônicos: o papel da(o) Assistente Social na defesa de direitos humanos da população LGBT - Profª MsC. Marylucia Mesquita (CFESS) - Auditório da Faculdade Santo Agostinho
20h - Palestra: Saúde espiritual da pessoa LGBT através da Inclusão – Paulo Steckel (Coordenador Geral do Movimento Espiritualidade Inclusiva) - Auditório da Faculdade Santo Agostinho

29 de agosto


9h - Mesa Coordenada: Bullying no contexto universitário -Palestrantes: Mariane de Lira Siqueira - Psicóloga UESPI/ PREX e Yara Barroso Nascimento - Assistente Social UESPI/ PREX – Laboratório de Artes da UESPI – Campus Torquato Neto
16h - Palestra: Genêro, sexo e sexualidade -  Profª. Msc. Carla Daniela Alves Rodrigues - Sala de vídeo do Campus Clóvis Moura/UESPI

30 de agosto


8h - Seminário de formação: Respeito à diversidade faz bem à cidadania – Público-alvo: servidores dos CREAS de Teresina – Local: Auditório da SEMTCAS  
16h - Palestra: Múltiplos olhares sobre a família - Profª Msc. Marcia Adriana Lima de Oliveira - Sala de vídeo do Campus Clóvis Moura/UESPI 

31 de agosto

9h - Palestra: Direitos reprodutivos, aborto e Igreja Católica - Valéria Melki (Católicas pelo Direito de Decidir) - Campus Torquato Neto/UESPI
16h - Palestra: Saúde e diversidade - Karinna Alves Amorim de Sousa - Sala de vídeo do Campus Clóvis Moura/UESPI