quarta-feira, 13 de junho de 2012

Religiosidade e etnobotânica africanas são tema de evento em Caruaru


O Centro Acadêmico do Agreste (CAA), em Caruaru, sedia o evento “Religiosidade e etnobotânica na Diáspora Africana: memória e identidade”, na segunda-feira (18), às 17h, no auditório do CAA. O evento contará com palestra do antropólogo e etnobotânico John Rashford, do College of Charleston, na Carolina do Sul, Estados Unidos (EUA), e membro da Sociedade de Economia Botânica dos Estados Unidos. As inscrições são presenciais e podem ser realizadas no dia do evento, gratuitamente.
John Rashford abordará o tema “As razões para a dispersão, pelo ser humano, do baobá africano no continente americano” (The reasons for the human dispersal of the african baobad in the Americas). A palestra contará com tradução simultânea da gerente de intercâmbio da Assessoria Internacional da Universidade Federal da Bahia, Cláudia Barreto.
A programação também conta com palestra do especialista em Turismo e Patrimônio Fernando Batista, com o tema “De Pernambuco à Bahia, do político ao religioso: faces do baobá na diáspora africana”. O evento, cuja carga horária é de 4 horas, tem coordenação de Fernando Batista e vice-coordenação das professoras da UFPE Fátima Aparecida Silva e Tatiane Cosentino Rodrigues. A realização é da Pró-Reitoria de Extensão (Proext) e do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab) da UFPE, com apoio do CAA.
A UFPE disponibilizará um ônibus para o transporte Recife-Caruaru-Recife, no dia do evento. A saída será às 14h30, na Reitoria. Os interessados devem enviar e-mail, antecipadamente, para neab.ufpe@gmail.com, indicando nome completo, identidade, CPF e telefone. Haverá 29 vagas, com prioridade para os membros do Neab/UFPE.
VISITA – O antropólogo John Rashford visitará, na terça-feira (19), a Escola Estadual Mariano Teixeira, no Recife, em comemoração ao Dia do Baobá. O convidado será recepcionado por uma exposição organizada pelos alunos.

Trabalho doméstico: herança histórica do racismo e sexismo no Brasil


Luana Natielle Basílio e Silva           luana fotoULF       

É sabido que existem alguns pilares que estruturam as desigualdades no Brasil. Este quadro que vivenciamos tem fortes traços marcados por dois elementos centrais na temática de desigualdade: sexismo e racismo. Além, obviamente, de outros elementos estruturantes para esse quadro, como a opressão de classe e a violência da imposição da heteronormatividade.
O papel histórico atribuído às mulheres sempre esteve relacionado ao espaço doméstico. Ambiente privado onde, destituídas da fala e de serem protagonistas de sua própria história, as mulheres ficavam à mercê das mais diversas formas de violência física, moral e psicológica, dentre outras. Ao quadro de construção de uma sociedade patriarcal e machista, soma-se a violência do racismo nesta representação, que por si só deveria gerar certo “desconforto” ou implicar em responsabilidades individuais e coletivas.
Nesse contexto, um tema de conturbada discussão se refere ao trabalho doméstico e mais especificamente às mulheres, que representam 95% das pessoas envolvidas nessa atividade, sendo que dessas 61% são mulheres negras (Fonte: PNAD, 2010). Além disso, das mulheres inseridas no mercado de trabalho, 17% estão no trabalho doméstico remunerado, o que representa em torno de 7 milhões de pessoas.
A reflexão que se traz a este quadro vivenciado pelas trabalhadoras domésticas se refere à herança histórica que a escravidão legou às mesmas. Nem é preciso uma profunda análise crítica para perceber a mentalidade da “benesse” que era concedida às trabalhadoras que tinham o “direito” de ficar na Casa Grande com os Senhores, acompanhar as Sinhás, servir de ama de leite, ser objeto sexual para a livre utilização de seus corpos pelos homens da casa e muitas vezes nem precisavam ficar na senzala com os demais negros escravizados. Afinal, do que elas poderiam reclamar? Perguntavam-se os senhores de negros escravizados.
Percebe-se a continuidade dessa mentalidade nas práticas cotidianas das/os empregadoras/es que não reconhecem o trabalho doméstico como outra atividade remunerada qualquer (com exceção da não-lucratividade), reproduzindo práticas deste período colonial Algumas/uns acreditam que esse serviço deve ser pago com “favores”, como dar as roupas usadas, por exemplo, ou que a não extensão de todos os direitos trabalhistas está relacionada à ausência de escolaridade (ensino formal), subestimando outras formas de produção de saber, inerentes a essa atividade.
Creuza Maria de Oliveira, Presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), no Seminário dos Trabalhadores Domésticos.Creuza Maria de Oliveira, Presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), no Seminário dos Trabalhadores Domésticos.
A vulnerabilidade não se refere tão somente às práticas cotidianas. O próprio Estado brasileiro compra esse discurso do “informalismo” (aqui utilizando-me de um eufemismo). Sob diversas alegações, transforma-se essa discriminação em texto legal, não estendendo às trabalhadoras domésticas todas as garantias trabalhistas. As justificativas passam pelo impacto econômico dessa extensão e pela possibilidade de diminuição do números de Carteiras de Trabalho assinadas, por exemplo.
Dessa forma, aumenta-se a vulnerabilidade das mulheres que exercem essa atividade. Tanto socialmente, no ambiente de trabalho, como legalmente, ao não ratificar a Convenção nº 189, que garante às domésticas os mesmos direitos que as/os demais trabalhadoras/es. É muita ousadia querer tratamento igualitário? E, mais uma vez, afinal, do que elas poderiam reclamar? Perguntam-se os novos senhores.
Diante desse quadro, duas coisas ficam bem explícitas. A primeira delas é que a situação das trabalhadoras domésticas deixa bem nítida as marcas do machismo e patriarcalismo brasileiro, que impõe ao corpo feminino o papel de “cuidado” do espaço doméstico, sem que isto represente uma atividade remunerada, já que a ela compete socialmente o zelo com o ambiente do lar. A segunda marca é o reconhecimento de que a precariedade e a vulnerabilidade social do trabalho doméstico são herança direta do sistema escravocrata e legado da mentalidade colonial, que ainda demonstra forte influência no pensar e no agir cotidianos e do Estado, ente que deveria garantir a equidade para todas/os.
Luana Natielle Basílio e Silva – Advogada, assessora do Cfemea e sócia colaboradora do Bamidelê

fone: Cfemea - www.cfemea.org.br

domingo, 10 de junho de 2012

Youth Blast – Conferência de jovens para o Rio + 20




Foi aberta oficialmente nesta Quinta-feira, 07 de junho no Rio de Janeiro  o Youth Blast. Evento promovido pela ONU, cujo objetivo  é  ouvir a juventude Brasileira e internacional sobre meio ambiente, sustentabilidade e seu olhar sobre o tema, para juntos avaliar os 20 anos da Conferência  das Nações unidas sobre o meio ambiente. A reunião ocorrida em 1992 foi considerada como louvável e uma das melhores tentativas por parte da comunidade Global para mudar o curso do desenvolvimento humano para um modelo igualitário e sustentável. Passada duas décadas da qual diversos acordos e diretrizes  do desenvolvimento sustentável foram definidos  entre eles  a agenda 21, carta da Terra,Tratado da educação ambiental e  as convenções  sobre diversidade, desertificação e mudanças climáticas – o Rio de Janeiro volta a receber esta importante atividade e sua primeira ação é então ouvir as juventudes  mobilizadas e convidadas para o encontro.
Para os jovens presentes, este é um importante momento para a reformulação de processos históricos e renovação de idéia tendo estes como defensores de seus posicionamentos sociais e políticos. Nós do Site Correio Nagô formos convidados para debater uma comunicação sustentável e deixar nosso público por dentro de tudo que irá ocorrer na Agenda Afro-20. Fiquem ligados em nosso site e mantenham-se informados sobre o que a comunidade negra esta pensando neste encontro.