segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A Palmares é Contrária à Matriz Africana? Ou é somente o seu representante em São Paulo?‏


Paulo César Pereira de OliveiraConvidado pelo movimento de cultura digital, participamos de reunião com a nova ministra do MINC, no dia 01 de outubro, quando tivemos a oportunidade de pautá-la sobre as demandas dos povos tradicionais de matriz africana, e sobre o racismo que permeou a gestão que a precedeu. Marta Suplicy respondeu de maneira contundente “confie em mim, vou resolver isto”.
Na mesma semana, após reunião com a ministra Luiza Bairros, anunciou editais para ‘negros que fazem cultura negra’.
Qual não foi nossa surpresa quando lemos na Folha de São Paulo a opinião contrária do representante da Fundação Cultural Palmares às ações afirmativas. Para Nuno Coelho, ações afirmativas, instrumento legítimo de promoção da igualdade até mesmo para a ONU, pode “fomentar o preconceito racial”.
Soube que há poucas semanas, o mesmo Nuno Coelho, em evento organizado por lideranças de matriz africana no interior de SP para discutir intolerância religiosa, constrangeu sem pudores os sacerdotes e as sacerdotizas presentes, fazendo proselitismo religioso, e chamando a atenção para o “orgulho de ser um negro cristão”.
O que nos intriga é, sabedora que a cultura negra é de matriz africana, o que levou a atual gestão da Palmares a escolher um Cristão APN para representá-la no Estado de São Paulo?
A FCP é o mais antigo órgão federal de promoção da cultura negra no país, criada ainda no governo Sarney. É muito desrespeito para com os povos de matriz africana, detentor e disseminador da cultura negra nesse país, ter como representante da FCP Palmares em SP, um APN. Não somos ovelhas, não somos parte do rebanho cristão; somos a resistência da cultura africana nesse país. Entendemos que, se a FCP designa um APN para cuidar da cultura negra em São Paulo, não possuem nem respeitam os detentores de cultura africana. São apenas acomodados partidários.
Aproveitamos a fala racista do senhor Nuno Coelho para exigir a sua renúncia ou a imediata demissão deste representante do pensamento judaico-cristão que nos nos escravizou e quer nos exterminar.
Deixo aqui o pensamento de Jomo Kenyata, que nos ajuda a entender a gravidade da posição do senhor Nuno e a incoerência da FCP: “Quando os missionários chegaram à África nos ensinaram a rezar de olhos fechados. Quando nós abrimos os olhos eles tinham a terra e nós tínhamos a bíblia”.
Confiram a matéria abaixo e manifestem-se!
Paulo César Pereira de Oliveira
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Não é racismo, é ação afirmativa, diz Marta Suplicy sobre editais para negros

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MATHEUS MAGENTA
DE SÃO PAULO
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, anunciou nesta quinta-feira (4) que a pasta lançará, em comemoração do Dia da Consciência Negra (celebrado em 20 de novembro), editais para beneficiar apenas produtores e criadores negros.
“É para negros serem prestigiados na criação, e não apenas na temática. É para premiar o criador negro, seja como ator, seja como diretor ou como dançarino”, disse a ministra à Folha.
A decisão foi tomada na quinta em reunião em Brasília com a ministra Luiza Bairros (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e com integrantes do MinC, como o presidente da Funarte (Fundação Nacional de Artes), Antonio Grassi.
Lalo de Almeida – 26.set.12/Folhapress
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, em visita à 30ª Bienal de São Paulo, na semana passada
A ministra da Cultura, Marta Suplicy, em visita à 30ª Bienal de São Paulo, na semana passada
A reunião foi realizada a pedido de Marta após debate, na última segunda, sobre inclusão digital em São Paulo. No evento, ela ouviu de um produtor cultural que a cultura negra é apoiada pela pasta, mas nem sempre é realizada por negros.

Nuno Coelho
Para Nuno Coelho de Alcântara, representante em São Paulo da Fundação Cultural Palmares, instituição ligada ao MinC para promover e preservar a cultura afro-brasileira, um edital que condicione a seleção à raça do criador ou produtor pode “fomentar o preconceito racial”.
Marta discorda. “Não é [racismo]. Isso vai como uma ação afirmativa.”
A medida foi defendida por ativistas do movimento negro ouvidos pela Folha.
“Esse é o chamamento que faltava para a produção cultural negra no Brasil, que é rica e carente de apoios”, afirmou Sinvaldo Firmo, do Instituto do Negro Padre Batista, de São Paulo.
Para o artista plástico Emanoel Araujo, curador do Museu Afro Brasil em São Paulo, os editais representam uma “posição política”.
“Mas isso é muito bem-vindo. Como está, o Brasil parece mais a Dinamarca do que um país mestiço. Na TV, o negro sempre aparece na posição de empregado ou de chacota. O lado branco é chiquérrimo, e o outro, escravo ou ex-escravo”, disse.

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